segunda-feira, 26 de julho de 2010

A experiência de Deus no deserto


Muita coisa tem sido dita sobre deserto espiritual no nosso meio, mesmo assim fica a dúvida sobre o lugar dessa experiência na vida cristã. O deserto é uma exceção na vida com Deus ou algo que todos teremos de passar? Antes de responder esta pergunta, vamos olhar o deserto na Bíblia: não foram poucos os personagens bíblicos que passaram pela experiência de Deus no deserto, muitos homens e mulheres viveram a terrível sensação de ausência ou do silêncio de Deus: Elias viveu a amargura do medo e da frustração no deserto; Moisés passou 40 anos acreditando que nada mais iria acontecer na sua trajetória como libertador; Jó viveu na carne a experiência de se sentir abandonado por Deus; e Jesus, do alto da cruz, deu um brado: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”. Além desses relatos, na nossa própria caminhada cristã, passamos, muitas vezes, por essa sensação de abandono, perdemos o sabor da vida, o que nos alegrava passa a não alegrar mais, a música, o sermão, a leitura da palavra e a oração, tudo parece sem sentido e estafante. Esses sintomas podem surgir em vários momentos da nossa vida, talvez por causa do cansaço físico e mental, uma doença, o fim de um relacionamento amoroso, estresse e tantos outros motivos. Mas o deserto espiritual tem algumas particularidades.
Na solidão do deserto o nosso coração de pedra se transforma em carne, o coração fechado se abre a todos os sofredores num gesto de amor e solidariedade . Mas, olhando de longe os inúmeros acontecimentos que atingem uma pessoa no deserto, sentimo-nos compelidos a fugir dele. Vivemos com se nenhum mal fosse nos atingir, e incorporamos palavras de ordem, que dizem: “somos filhos do Rei”, “ora que melhora”, e falamos com a força dos nossos pulmões: “tudo posso naquele que me fortalece”. Nada disso é mentira, no entanto, quando nos vemos em apuros, essas frases passam a não fazer mais sentido e algumas coisas acontecem: ou nos sentimos abandonados por Deus ou pensamos que os nossos pecados nos afastaram dele. Lembremos de Jó: não foi o seu pecado o responsável pelo seu sofrimento. Mas parece que a experiência do patriarca nos traz ainda mais angústias: não nos sentimos à altura dele e por isso achamos que todo o nosso sofrimento é resultado dos nossos pecados. Perguntamo-nos: onde eu errei? O que eu fiz para merecer tamanho castigo? Sentimo-nos abandonados. Achamos que nos perdemos de Deus e que já não somos mais objeto do seu amor.

Queremos viver somente alegrias, mas não podemos evitar, quando menos esperamos experimentamos uma aridez espiritual e concluímos que o que está nos acontecendo é o que muitos chamam de deserto. Os pais do deserto, pelo menos, fizeram esta escolha livremente, mas a nós parece que essa opção não é dada. Para os contemplativos, no entanto, a experiência do deserto deve ser recebida com agrado, do mesmo modo que uma pessoa enferma receberia com bons olhos a noticia de uma cirurgia que promete saúde e bem-estar . Isso não que dizer que o cristão deva ser alguém que sai pelo mundo em busca do desprazer e de desgraças, não é sobre isso que estamos falamos. O que queremos dizer é que na caminhada com Deus vamos experimentar sensações de abandono, dores e fracassos, e isso não tem nada a ver com os nossos pecados. Não foi assim com Ana, Jó, Paulo e tantos outros? Mas, como conciliar o deserto com um conceito de espiritualidade que não tem lugar para dor e o sofrimento? Como conciliar a imagem de uma vida próspera e abençoada com a experiência do silêncio de Deus?

Na vida contemplativa, o deserto sempre teve o seu lugar. Nos primeiros séculos da Era Cristã, muitos homens e mulheres foram literalmente para o deserto em busca de um encontro com Deus através da solidão, do silêncio e da oração. Antão, Agatão, Macário, Poemem, Teodora, Sara e Sinclética foram líderes espirituais no deserto . “Sem esse deserto, perdemos nossa alma enquanto pregamos o evangelho”. Todos os contemplativos viveram a realidade do Deus Absconditus*, mas foi João da Cruz, monge carmelita do século XVI, quem desenvolveu uma tradição contemplativa sobre a noite escura da alma, ou noite dos sentidos. Quando vires teus desejos apagados, tuas afeições na aridez e angústias, e tuas faculdades incapazes de qualquer exercício interior, não sofras por isso; considera-te feliz por estares assim. É Deus que te vai livrando de ti mesmo, e tirando-te das mãos todas as coisas que possuis.

Na noite dos sentidos, somos convidados a sermos todos de Deus. Nesta vida, o homem não se une a Deus por meio daquilo que entende, goza ou imagina, nem por alguma coisa que os sentidos ofereçam; mas unicamente pela fé…. Somos chamados a experimentar o silêncio de amor, a nos calarmos diante do inefável, e a pormos a atenção amorosamente em Deus, sem ambição de querer sentir ou entender coisa alguma particular a seu respeito. Na noite escura dos sentidos, somos convidados à comunhão da dor de Cristo. De acordo com o teólogo alemão Jürgen Moltmann, no centro da fé cristã está a história da Paixão de Cristo. No centro dessa paixão está a experiência de Cristo abandonado por Deus. Pare ele, ou isso representa a ruína da fé humana no criador, ou o surgimento de uma Fé em Deus que não é possível de ser destruída por nada. Não mais uma fé que dependa de resultados, de sentir calafrios, que dependa da emoção, não mais uma fé que precisa de formulações inquestionáveis, mas uma fé descansada, porque o amor não cansa e nem se cansa. Uma fé que se abandona nas mãos de Deus e se deixa levar por ele. A experiência de Deus no deserto é a experiência do despojamento que nos leva a amar a Deus sobre todas as coisas, mesmo diante da dor e do sofrimento. Por que Deus permite o sofrimento não sabemos, mas, para Multmann, mesmo que soubéssemos isso não nos ajudaria a viver. Se descobrirmos, no entanto, onde está Deus e experimentarmos sua presença no nosso sofrer, encontrar-nos-emos na fonte de onde brota a vida novamente.

O sofrimento e a dor não devem ser entendidos, neste sentido, como resultado do nosso afastamento de Deus, muito pelo contrário, podemos nos sentir amados mesmo diante da dor e da aflição. Mas é muito difícil perceber o amor de Deus diante do sofrimento e da aridez espiritual, porque estamos comprometidos com uma falsa ilusão do que seja esse amor por nós. Coisificamos o nosso amor por Deus, só nos sentimos amados quando a nossa vontade é satisfeita. Se as nossas orações não são respondidas, pensamos que Deus não nos ama. Se não nos emocionamos no culto é porque falta unção, dependemos dos resultados para experimentamos Deus. No deserto, somos privados de tudo, dos resultados e da emoção, só restam dúvidas, é aí, que o conceito de Hebreus, começa a fazer sentido, a Fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem (Hebreus 11:1). Na noite escura, ficamos livres da nossa excessiva dependência de resultados interiores e exteriores, lá nada acontece, só Deus basta. Na noite escura, aprendemos a amar a Deus por ele mesmo, não por aquilo que ele pode fazer ou deixar de fazer por nós. Lá, nada faz sentido, e é no sem sentido que encontramos a verdadeira paz. Profunda é a luta na noite contemplativa, mas é igualmente muito profunda a paz que se espera. E, se a dor espiritual é intima e penetrante, o amor que se há de alcançar é também íntimo e puro.

Nesta noite escura, aprendemos a nos despojar de uma falsa imagem de Deus, o Deus que era o nosso provedor, passa ser também o consolador, o Deus que servia apenas de alívio para as nossas neuroses do cotidiano, passa ser o nosso companheiro de amor. Na noite escura, tudo muda. Aqui temos um verdadeiro encontro de amor, onde nada mais é importante. Se formos abandonados, amamos assim mesmo, se nossas orações não são respondidas, não deixamos de amar por causa disso.
Nesta noite dos sentidos, mesmo sem sentir, somos transformados. O progresso da pessoa é maior quando ela caminha às escuras e sem saber. Aprendemos a amar a Deus como ele deseja ser amado. É amar sem querer possuir o objeto do nosso amor, é amar sem reduzir a Deus a uma idéia ou a uma lâmpada de Aladim. É amar uma pessoa, que misteriosamente é três.

Sobre a pergunta: o Deserto é uma exceção na vida com Deus ou algo que todos teremos de passar? Podemos respondê-la da seguinte maneira: talvez, nem todos os cristãos passem pelo deserto, mas todos aqueles que passarem irão experimentar a purificação dos sentidos. Para a pessoa crescer na contemplação até chegar á união com Deus, deverão ficar de lado, em silêncio, todos os meios e exercícios sensíveis das faculdades humanas. Só assim poderá o Senhor infundir nelas o sobrenatural, pois a capacidade natural não consegue chegar tão alto. Aqui entendemos que só podemos encontrar Deus no silêncio, na solidão e na oração. O nosso objeto de desejo é livre para ir e vir, quando desejar. Não ficamos tão dependentes de sentir a sua presença. Já sabemos onde ele está.
Deixo um video legal Deus nunca te deixa confie!!!Medite...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Mantendo a fome pela presença de Deus


“Mantendo a fome pela presença de Deus depois de 21 dias de jejum”
Entenda como é importante manter a fome pela presença do Senhor, buscando mais intimidade com Ele e atraindo a Sua glória

“Consultou Davi os capitães de mil, e os de cem, e todos os príncipes; disse a toda congregação de Israel: Se bem vos parece, e se vem isso do Senhor, nosso Deus, enviemos depressa mensageiros a todos os nossos outros irmãos em todas as terras de Israel, e aos sacerdotes, e aos levitas com eles nas cidades e nos seus arredores, para que se reúnam conosco; tornemos a trazer para nós a arca do nosso Deus; porque nos dias de Saul não nos valemos dela. Então, toda a congregação concordou em que assim se fizesse; por isso pareceu justo aos olhos de todo o povo. Reuniu, pois, Davi a todo o Israel, desde o Sior do Egito até a entrada de Hamate, para trazer a arcada de Deus de Quiriate-Jearim. Então, Davi, com todo o Israel, subiu a Baalá, isto é, a Quiriate-Jearim, que está em Judá, para fazer subir dali a arca de Deus, diante da qual é invocado o nome do Senhor, que se assenta acima dos querubins. Puseram a arca de Deus num carro novo e a levaram da casa de Abinadabe; e Uzá e Aiô guiavam o carro. Davi e todo o Israel alegravam-se perante Deus, com todo o seu empenho; em cânticos, com harpas, com alaúdes, com tamboris, com címbalos e com trombetas. Quando chegaram à eira de Quidom, estendeu Uzá e o feriu, por ter estendido a mão à arca; e morreu ali perante Deus. Desgostou-se Davi, porque o Senhor irrompera contra Uzá; pelo que chamou àquele lugar Perez-Uzá, até ao dia de hoje. Temeu Davi a Deus, naquele dia, e disse: Como trarei a mim a arca de Deus? Pelo que vi Davi não trouxe a arca para si, para a cidade de Davi; mas a fez levar à casa de Obede-Edom, o geteu. Assim, ficou a arca de Deus com a família de Obede-Edom, três meses em sua casa; e o Senhor abençoou a casa de Obede-Edom e tudo que ele tinha.” (1Cr 13.1-13.)

Veja só esta frase no verso 12: “Temeu Davi ao Senhor naquele dia, e disse: ‘Como trarei a mim a arca’”. Já o Livro dos Atos (At 15.16) nos diz: “Cumpridas essas cousas, voltarei e reedificarei o tabernáculo caído de Davi, e levantando-o de suas ruínas restaurá-lo-ei”. A vontade de Deus, portanto, é restaurar o tabernáculo de Davi. No Velho Testamento existiram outras construções extraordinárias, esplêndidas. O tabernáculo de Moisés foi a primeira construção sagrada dos hebreus, designada, ou melhor, direcionada pelo próprio Deus, que instruiu como se faria o tabernáculo. No entanto, não vemos em lugar algum que Deus deseje restaurar o tabernáculo de Moisés. Sabemos que Salomão, filho de Davi, edificou o templo. O templo nada mais era do que o tabernáculo com dimensões ainda mais extraordinárias. Era uma grande maravilha, portentoso, maravilhoso, algo de fato grandioso! Todavia, no Novo Testamento, vemos Jesus dizendo que não ficaria pedra sobre pedra daquele templo, mas Jesus não disse que depois aquele templo seria restaurado novamente. Entretanto, no Livro dos Atos, vemos que a vontade de Deus é restaurar o tabernáculo de Davi. Por que Deus deseja restaurar o tabernáculo de Davi? Por que esse tabernáculo foi especial para Deus? O motivo é muito simples. Por que esse tabernáculo de Davi foi fruto de uma paixão, de um desejo, de uma ânsia genuína pela presença de Deus. O tabernáculo de Davi não foi fruto produto de um ritual ou da orientação explícita de Deus e é isso o que o torna mais extraordinário! Deus não disse para Davi que queria um tabernáculo novo, nem lhe deu modelo algum, mas Davi, de alguma maneira que nos escapa, de uma maneira misteriosa, foi capaz de perceber o que estava no coração de Deus.

Quantos de nós estamos sinceramente interessados no coração de Deus? Não devemos, portanto, limitar o Deus a quem servimos. Eu tenho visto o que Deus pode fazer em uma igreja, a minha ambição agora é saber o que Deus pode fazer em minha cidade. Da mesma forma, sua cidade será tocada pelo Senhor e Ele que usá-lo como instrumento para isso. No trecho do Primeiro Livro das Crônicas que lemos no início deste capítulo, Davi nos mostra que não é tão simples trazer a glória de Deus, e mais ainda, não é tão simples mantê-la. Se a glória de Deus estiver em nosso meio, ela atrairá as pessoas; mas, se a luz não está entre nós, nada acontecerá. O grande desafio não é fazer nada a primeira vez. Sei que as pessoas têm medo de fazer as coisas pela primeira vez, dar aula, pregar, fazer encontros etc. Não tenho receio com a primeira vez de alguma coisa, pois, apesar da inexperiência e da falta de prática, sempre será bom, Deus sempre abençoará. O que não é abençoada em grande parte não é a primeira vez, mas sim a décima, a quinquagésima, a centésima. É isso que é sério e difícil de manter. O texto fala que, nos dias de Saul, o povo não se valeu da arca, o que nos fala de ficar experiente, independente de Deus, achando que se pode fazer sozinho. Estes são dias de começarmos de novo, recomeçarmos como igreja e de retomarmos a nossa própria paixão original, o nosso primeiro amor. Depois de grandes vitórias é que acontecem os maiores fiascos, as maiores derrotas! Deus tem muito mais e não há limites para Ele. O Senhor é um oceano. Nós somos como conta-gotas à beira da praia, não há risco de esvaziarmos a Deus, Ele sempre tem mais. Se quisermos medidas maiores de Deus, temos que retomar os princípios.

1. A intimidade traz a bênção, mas o inverso não ocorre

Davi não estava preocupado em buscar a bênção de Deus. Ele não queria ter mais ouro em Jerusalém, mais casas, mais vitórias na guerra. Em lugar algum do texto vemos Davi com essa motivação. Todavia, vemos um clamor em seu coração sobre como ele iria trazer a arca de Deus. O tabernáculo tinha três partes: o átrio, o lugar santo e o santo dos santos. A arca simbolizava a presença manifesta do Senhor e ficava no lugar mais íntimo e secreto do tabernáculo, o santo dos santos, onde somente o sacerdote, uma vez ao ano, no dia da expiação, podia entrar para aspergir o sangue em cima da arca. Sobre ela, dois querubins de ouro maciço, com as asas abertas, de frente um para o outro e, no meio deles, a chama da glória de Deus brilhava. Era ali, onde o sangue era aspergido, que Deus falava com os homens, com Moisés e, uma vez ao ano, com o sumo sacerdote. E Davi queria essa arca.
Você quer prosperidade de Deus? Busque a Deus! Ponha a arca de Deus no seu trabalho, no seu casamento, na sua empresa, busque a intimidade com o Todo-Poderoso, pois, quando você toca o céu, a terra é abalada. Quando você toca em Deus, você toca em todas as bênçãos, pois todas elas estão em Cristo Jesus. Aquela arca não era mais do que um símbolo da presença manifestada do Senhor Jesus. Deus, em sua onipresença, está presente em todo lugar, mas a sua glória está reservada para aqueles que lhe são íntimos, que anseiam pela sua presença. É esse o meu desafio a você. Muitos procuram bênçãos, prosperidade, dinheiro etc., mas quantos estão procurando a glória de Deus, a arca de Deus? Nada há de errado em buscar a bênção, mas é melhor ter o dono da bênção, pois assim se tem tudo! O que você prefere? Ter um carro e estar longe de Deus, ou estar perto de Deus e ter todas as coisas? Busque ao Senhor. Davi não queria apenas uma bênção, ele queria intimidade com Deus. Ele sabia que, buscando a intimidade, teria a bênção.

2. Sinceridade apenas não substitui a verdadeira espiritualidade

Muitos de nós dizemos: “Eu sou sincero, o que Deus olha é a sinceridade!”, mas há quem use essa desculpa apenas para ser arrogante e carnal e justificar a indelicadeza, a brutalidade, a aspereza: “Eu sou assim, o que eu tenho para falar, eu falo na cara; sou sincero!”. Há quem goste desse tipo de gente? Ninguém precisa ver a sujeira de ninguém. Se quiser mostrar, mostre primeiro para Deus. Ninguém vai se desculpar com Deus, quando Ele disser: “Você agiu mal”, simplesmente respondendo: “Senhor, pelo menos eu fui sincero”. Tem gente que é sinceramente ladrão, corrupto, adúltero. Davi era sincero e resolveu trazer a arca, então ficou sabendo que a arca havia sido roubada pelos filisteus e procurou saber o que havia acontecido (1Sm 5.6-12). Quando foi trazer a arca, em vez de procurar saber o padrão de Deus, Davi a colocou em carros de boi, com dois de seus soldados mais fortes para irem guardando a arca. Veja que é tudo muito sincero, é o melhor para Deus. Mas de repente os bois tropeçaram e Uzá estendeu a mão para segurar a arca e impedir que ela caísse no chão. O texto narra que ele foi ferido por causa de sua irreverência e morreu diante de Deus. Que coisa! Queriam a arca de Deus e, ao invés de ter a presença de Deus, tiveram morte. Todos ficaram tristes, mas eles eram “sinceros”. Sinceridade só não basta, é preciso seguir o padrão de Deus! Muitos acham que para cantarem no louvor, ou qualquer outra coisa que quiserem fazer, se forem sinceros, estará bom. É um engano! Se quisermos a glória de Deus, temos que trazê-la da maneira dele, não da maneira do mundo! Ministros de louvor não são animadores de auditório. O carro de boi, no qual transportaram a arca, nos fala de métodos humanos, de mentalidade natural, compreensão natural. Muitas vezes a preocupação em agradar o povo é grande demais. Há pessoas que vão para as igrejas em busca de conforto, de sentir algo, de ouvir algo. Não são muitos os que vão oferecer algo a Deus ou por causa dele. Quando temos um povo, dentro da igreja, que age assim, as coisas são revolucionárias. Muitas igrejas transformam o culto em espetáculo. Não gostei quando alguém me disse: “Pastor, trouxe aqui o fulano para conhecê-lo, porque você é tão engraçado”. Eu me senti um rato de circo, fui para casa e chorei. Eu não quero ser engraçado, a Bíblia não diz que Jesus era engraçado. Tampouco Paulo, Moisés ou Davi são descritos como engraçados. A Bíblia diz que eles eram homens de Deus. E é isso o que eu quero ser. Eu quero que a presença de Deus chegue a ponto de o ambiente ficar tão denso que todos sejam tocados. É isso que faz a diferença e não ter um culto interessante. Igreja não é entretenimento, mas sim um ambiente para sermos cheios da vida, da unção e do poder de Deus ou para recebermos as disciplina do Senhor, para sermos limpos pela Palavra. Não queremos carro de boi, não queremos entreter os santos, estamos aqui em função do Senhor.

3. Trazer a glória de Deus dá trabalho

A arca era um móvel pesado, revestido por dentro e por fora de ouro, um dos metais mais pesados e mais densos que existem. Não deveria ser fácil carregá-la. Davi trouxe a arca em um carro de boi porque era mais fácil do que trazê-la nas costas. Só depois do acidente Davi foi pesquisar e descobriu que eram os levitas que deveriam carregá-la (2Sm 6.9-18). Se, na primeira vez, Davi não conseguiu trazer a arca, na segunda vez ele conseguiu, pois entendeu que havia um padrão de Deus. Quando nós buscamos a glória de Deus, as coisas na verdade ficam mais difíceis. Os métodos de Deus, ao contrário do que imaginamos, não são os mais agradáveis, às vezes são os mais trabalhosos. Quando se faz algo genuinamente para Deus, as coisas às vezes não vão melhorar. É provável que, por um momento, até se tornem mais difíceis. O padrão de Deus é o caminho estreito da cruz. Quando colocou a arca sobre o carro de bois, Davi quis diminuir o serviço. Todavia, a arca foi levada da casa de Obede-Edom até Jerusalém (cerca de vinte quilômetros) por dois levitas, nos ombros. Uma arca de um metro de profundidade por um metro e meio de comprimento, toda cheia de ouro, era muito pesada! E o caminho foi longo e entrecortado. A cada seis passos eles sacrificavam ao Senhor. Você consegue imaginar? Isso deu muito trabalho, árduo! Mas muitos querem a glória de Deus automática, barata, sem necessidade de busca, de intensidade, de clamor, achando que as coisas de Deus são como um show de Hollywood. A glória de Deus vem quando nós, como igreja, estamos dispostos a pagar o preço para obtê-la. E isso, às vezes, implica em esforço. Deus não se manifesta para quem é passivo, indisposto, preguiçoso. Temos que suar a camisa! Deus só aceita o que tem valor e só o que tem suor envolvido tem valor. Por isso Deus não está interessado em ofertas de ganhadores de loteria. Deus não irá nos abençoar à maneira do mundo, através da mágica, do que não envolve esforço, mas apenas o estalar de dedos. A glória de Deus vem por milagre e milagre é fruto do trabalho de Deus. São seis passos e o sacrifício de um animal! Suor descendo e o sangue do sacrifício os envolvendo. Como Davi chegou a Jerusalém? Suado, cansado! A glória de Deus não é fruto de mágica.

4. Deve haver um ambiente preparado para a glória de Deus

Deus não age em qualquer ambiente. Se nós queremos que Deus faça, deve haver o ambiente. Quando você for ao culto, vá par construir um trono de adoração e louvor ao Senhor! O salmista canta: “Contudo, tu és santo, entronizado entre os louvores de Israel” (Sl 22.2). Há uma versão desse verso que diz: “O Senhor se assenta no trono de louvores”. Em outra versão, em japonês, diz que “o nosso louvor é como uma grande cadeira onde Deus se assenta para governar”. Que coisa linda! Um lugar onde o Espírito de Deus tem ambiente. Eu fico observando, muitas pessoas chegam atrasadas à reunião e ainda esperam que haja ambiente para a glória de Deus. Elas chegam atrasadas quase sempre porque vão às reuniões para ouvir um pouquinho da Palavra. Mas espere aí. Você vai ás reuniões par ouvir a Palavra ou oferecer sacrifícios de louvor? Sem um ambiente, sem um trono para Deus se assentar, não haverá glória de Deus para nós. A palavra “glória” no hebraico é kadod, que significa “peso, algo denso, pesado”. Isso significa que a glória de Deus tem um peso e quando Ele quer manifestar a sua presença e a sua glória, Ele procura por um ambiente capaz de sustentar o peso de sua presença. Se não há tal ambiente, Ele não se manifesta! Quantos de nós queremos realmente participar da edificação de um trono para o Senhor vir com a sua glória. Para isso, há a necessidade de compromisso, de disposição para guardar um ambiente apropriado, santo, voltado para o Senhor, de fome de Deus e de intensidade. Eu não quero participar de uma igreja que não seja intensa, com pessoas que não são literalmente desesperadas por Deus e por sua presença. Há muitos que ainda são indiferentes, passivos, sem desejo pelas coisas de Deus, sem anseio pelas coisas de Deus. Como Ele pode agir em um ambiente assim? Nós precisamos guardar o nosso ambiente para continuarmos avançando na glória de Deus como Davi fez.

5. Não tenha receio de mudar o padrão da religião

Não tenha receio de ir para fora do padrão da religião. A religião daquela época era o tabernáculo! Religião é o ritual sem a presença de Deus. Um ritual vazio, feito mecanicamente. Às vezes tenho vontade de começar a reunião pregando e deixar o louvor para o final, outros dias, nem quero fazer louvor. Alguns crentes são viciados em emoção passageira, em sentir calafrios. Quando há um pregador estrangeiro, ele já sente o calafrio só de ouvi-lo dizer “aleluia” em inglês. Ainda me dizem: “Ah, pastor! Não tenho culpa se você não tem unção”. Na verdade, sou eu que não tenho culpa deles serem depravados espirituais, praticando pornografia espiritual. Vivem em função do prazer, da sensação, de “orgasmos” da alma. Nós não devemos querer meros calafrios na espinha, mas sim a glória de Deus, a cura, a libertação e a salvação genuínas. Não é errado sentir calafrios, mas não se sente calafrio só na igreja. Uma vez, ouvindo a orquestra sinfônica nacional tocando com o maestro Isaac Karabtchvsky, eu arrepiei tanto que cheguei a pensar que o maestro tivesse unção. Quase falei em línguas! O que acontece é que confundimos demais a emoção do momento com a realidade. A emoção tem o seu lugar, não dá para servir a Deus sem emoção, mas não fiquemos só nisso, ela tem que resultar em realidade. Mas não use isso como motivo para achar que você tem que ficar no banco quieto sem fazer nada.

6. Não se pode preservar dignidade se você quer buscar a divindade

A Bíblia diz que “Davi dançava com todas as suas forças diante do Senhor; e estava cingido de uma estola sacerdotal de linho” (2Sm 6.14). Davi usava uma roupa que ele não poderia estar vestindo, ele não era sacerdote. Ele era da tribo de Judá e a tribo sacerdotal era a tribo de Levi. Mesmo assim ele vestiu uma estola sacerdotal e resolveu dançar diante da arca, ou seja, abriu mão de tudo ao redor! Davi resolveu dançar diante de Deus com toda a sua força. Mical, sua esposa, viu e o repreendeu: “Que bela figura fez o rei de Israel, descobrindo-se, hoje, aos olhos das servas de seus servos, como, sem pejo, se descobre um vadio qualquer!” (2Sm 6.20). Davi estava voltando para abençoá-la, mas ele não abençoou e ela ficou estéril para o resto da vida. A igreja fica estéril quando perde a capacidade de se perder, de se soltar na presença de Deus. Muitas igrejas vivem debaixo dessa maldição de esterilidade e aridez por terem parado para criticar os outros. Temos que nos tornar como crianças. Uma criança quando está na hora de comer, não fica ponderando: “O pastor está pregando e eu não posso berrar, embora esteja morrendo de fome”. Ela abre a boca e, se demorar, vai berrar mais ainda. Não está nem aí para ninguém! Temos que ser como crianças se quisermos entrar no reino dos céus. O problema é que nos preocupamos muito com a opinião dos homens. Busquemos a aprovação de Deus e esqueçamos a aprovação dos homens. Vejamos o exemplo de Bartimeu. Ele foi o único a ser ouvido naquela ocasião, pois não se importou com os homens. Ele determinou o que queria: “Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim!” De longe seus gritos podiam ser ouvidos e certamente alguém mandou se calar, pois estava incomodando. Todavia, ele não quis nem saber e recebeu a bênção de Deus! Você tem que cultivar sua expressividade, pois, quanto mais apático, morto e inexpressivo, menos receberá de Deus. Atraia a atenção dele!

7. A glória de Deus será edificação ou tropeço
A Bíblia diz que a arca ficou na casa de Obede-Edom e Deus abençoou tudo que ele tinha. Por outro lado, Uzá encostou na arca e morreu. A arca é a mesma, para um trouxe morte; para o outro, bênção. A glória de Deus é a mesma, para um será bênção, para outro será maldição. O problema não está na glória e em Deus, mas na atitude. Mical ficou estéril por não ter passado no teste. A glória de Deus é teste para todo mundo, ninguém pode ficar indiferente à arca de Deus. O sol é o mesmo, mas, quando bate no barro, ele endurece; já ao bater na cera, ela amolece! Tudo depende da natureza do material. Qual é a sua atitude? De receber ou de resistir? Por último, a Bíblia diz que Davi clamou: “Como trarei a mim a glória do Senhor?”. A glória de Deus é como uma lâmpada e nós procuramos seu interruptor no escuro. Estamos tateando quando oramos, dançamos, pulamos, ajoelhamos e levantamos, e quem chega de fora fica olhando e pensando: “O que esse povo está fazendo?” A cena pode até parecer cômica, mas estamos tateando para achar o lugar que acende a luz. Quando acharmos a luz de Deus, ela será acesa. Às vezes, tatear parece estranho para muitos, mas o nosso tatear mostra apenas o nosso anseio. Quer saber como trazer a luz da glória de Deus? Faça um propósito com Deus e renove sua fome original, seu primeiro amor!

Pr. Aluízio Antônio

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Sua vida pode ser como um RIO (bênçãos)


...Ele está se referindo a forma mais dinâmica na qual a água possa se apresentar, na trajetória de um rio, pois suas águas, diferentemente, de mares, lagos, lagoas, poças e poços, são “vivas”.

1.A ÁGUA

A água é o elemento mais abundante em nosso planeta Terra, que tem três quartos de sua superfície está coberta por ela, principalmente nos oceanos, cuja profundidade média de mil metros, abriga um volume total estimado em 1.260.000.000.000.000.000.000 litros.

O corpo humano, por uma interessante coincidência, ou pela provisão do Criador, é formado pela mesma proporção de água, ou seja 75%, de modo que sem água não haveria vida.

Ao nos voltarmos para a Palavra de Deus, encontramos muitos personagens que demonstraram sede e buscaram água disponível para mitigá-la:

A – O servo de Abraão encontrou a esposa de seu senhor, Isaque, mediante a prova da água, onde pediu para a jovem que lhe desse de beber, esperando que ela oferecesse também para os seus camelos, o que aconteceu (Gn 24:1-(15-20)-67).

B – Isaque quando buscava se estabilizar na terra começou perfurando poços, que produziram água viva, e que foram motivo de contenda com os inimigos (Gn 26:12-25).

C- O povo de Israel, em muitas ocasiões, clamou por água em sua jornada pelo deserto, e Deus fez milagres para ajudá-los (Ex 17:1-7).

D– Sansão, após vencer mil inimigos com apenas uma queixada de jumento, teve muita sede e clamou ao Senhor por sua vida, tendo sido alvo do milagre da rocha fendida que lhe deu o líquido
necessário (Jz 15:14-20).

E– Jesus, em sua natureza humana, mesmo tendo seguido para a cruz, como uma ovelha muda (Isa 53:7), pediu água antes de expirar (João 19:28).

F– O Mestre pediu, igualmente, água para a mulher Samaritana, em um episódio memorável, do qual iremos extrair uma lição preciosa nesta meditação (João 4:1-30).
João Batista, o precursor de Jesus, realizava seu ministério advertindo as pessoas para que se arrependessem, e as batizava com água (Mt 3:1-(11)-12).

O primeiro milagre de Jesus foi a criação de vinho nas bodas as quais assistia, e isso não
aconteceu a partir do nada, mas com o uso da água (João 2: 1-12).

Este evento, mais do que uma realização material extraordinária, nos apresenta um simbolismo da realidade eterna, uma vez que temos na água o significado da Palavra Viva de Deus, e no vinho, a Remissão pelo Sangue de Cristo.

Jesus, ao conversar com Nicodemos, esclareceu que era necessário nascer de novo, e que isso teria que acontecer pela ação da Palavra e do Espírito de Deus:


...“Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que quem não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.”...
...“Jesus respondeu: Em verdade, em verdade, te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus....” (João 3: 1-21).

Da mesma forma, o Mestre identifica o vinho como o símbolo de seu sangue que é vertido pela nossa salvação (Mc 14:24).

As Escrituras nos afirmam sobre quem testifica a realidade divina da salvação, tanto na Terra como nos céus:

“Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo. Ele não veio só pela água, mas
pela água e pelo sangue. E o Espírito é o que dá testemunho, porque o Espírito é a verdade.”
“Pois três são os que dão testemunho no céu: o Pai, a Palavra (água), e o Espírito Santo; e estes três são um.” “E três são os que dão testemunho na terra: o Espírito, a água e o sangue; e estes três
concordam.” (I Jo 5:6).

Naturalmente, não basta que exista a água para que seja possível obter dela o retorno de vida que tanto desejamos, ela precisa ser potável, ou seja, adequada para o consumo, como nos mostram exemplos bíblicos:


O POVO DE ISRAEL, diante de um local onde águas existiam no deserto, mas eram amargas:

“Então chegaram a Mara, mas não puderam beber as águas de Mara, porque eram amargas. É por isso que o lugar é chamado Mara.”...
...“Então Moisés clamou ao Senhor, e o Senhor lhe mostrou uma árvore. Lançou-a Moisés nas águas, e as águas se tornaram doces.” (Ex 15:23-25).


De fato, da água que existe no mundo 97,5% é salgada, mantida em oceanos e mares, e em alguns outros lugares ela embora doce, se encontra deteriorada pela má qualidade do solo que a contêm, ou por impurezas que a atingiram.


2. O RIO

Sobre essa realidade podemos compreender que somente a Palavra pura (leite não falsificado: IPe 2:2, ou água sem mistura) de Deus é uma água que pode ser consumida por nós. Isto, todavia, não motiva as pessoas de forma adequada, e muitos preferem um “refrigerante do diabo”, as águas cristalinas de Deus:

“O meu povo fez duas maldades: A mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas.” (Jr 2:13).

Quando avaliamos as palavras do Senhor, neste texto, observamos que Ele está se referindo a forma mais dinâmica na qual a água possa se apresentar, na trajetória de um rio, pois suas águas, diferentemente, de mares, lagos, lagoas, poças e poços, são “vivas”. De fato, os rios são apresentados por Deus desde o Gênesis até o Apocalipse, pois existiam, como elementos de vida e riqueza no Éden, e estará presente na Nova Jerusalém;

“Ora, plantou o Senhor Deus um jardim no Éden, ao oriente, e pôs ali o homem que tinha
formado.”... ...“Saía um rio do Éden para regar o jardim; dali se dividia e se tornava em quatro braços.” “O nome do primeiro é Pisom: este é o que rodeia toda a terra de Havilá, onde há ouro.” “O ouro dessa terra é bom: ali há o bdélio, e a pedra de ônix.” “O nome do segundo rio é Giom: este é o que rodeia toda a terra de Cuxe.”

“O nome do terceiro rio é Tigre: este é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto rio é o Eufrates.” (Gn 2:4-15).
“Então me mostrou o rio da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro.”
“No meio da sua praça, em ambas as margens do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês. E as folhas da árvore são para a cura das nações.” (Ap 22:1-2).

As palavras da Revelação nos mostram que, mesmo na eternidade, haverá um rio, cuja nascente está localizada no próprio trono de Deus, e isso nos remete a profecia de Ezequiel que fala de um rio, nos mesmo termos do relato de João;

“Depois disto me fez voltar à entrada do templo, e eu vi umas águas por debaixo do limiar do templo, para o oriente, pois a frente do templo olhava para o oriente, e as águas vinham debaixo, do lado direito do templo, ao sul do altar.”
“Ele me levou pela porta do norte, e me fez dar uma volta por fora, até a porta exterior, que olha para o oriente, e corriam as águas ao lado direito.”
“Saiu aquele homem para o oriente, tendo na mão um cordel de medir; mediu mil côvados, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos artelhos.”
“Mediu mais mil, e me fez passar pelas águas, águas que me davam pelos joelhos; mediu mais mil, e me fez passar por águas que me davam pelos lombos.”
“Mediu mais mil, e era um rio, que eu não podia atravessar, porque as águas eram profundas, águas que se deviam passar a nado, rio pelo qual não se podia passar.”
“Ele me perguntou: Viste, filho do homem? Então me levou, e me tornou a trazer à margem do rio.”
“Ao chegar lá, vi que na margem do rio havia grande abundância de árvores, de um e de outro lado....”
“....Enxames de criaturas viventes viverão onde quer que o rio passar. Haverá grande número de peixes, porque estas águas lá chegam e tornam saudável a água salgada; de modo que onde quer que o rio passar tudo viverá.”
“Junto ao rio, à sua margem, de um e de outro lado, nascerá toda a sorte de árvore, ...”
“....que dá fruto para se comer. Não cairá a sua folha, nem perecerá o seu fruto. Nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário. O seu fruto servirá de alimento e a sua folha de remédio.” (Ez 47:1-12).

Podemos constatar que o rio do Éden se dividia em quatro, multiplicando a sua abrangência, e aquele que nasce no santuário, soma a água a cada mil côvados, de modo que se torna mais e mais profundo, até aquele ponto em que uma pessoa somente pode estar nele entregando-se totalmente, uma vez que não “da pé” para estar nas águas e no solo do fundo.

Vamos voltar, agora, para o encontro de Jesus com a mulher Samaritana, e, do texto do
evangelista João, selecionar os versos 13 e 14 do capítulo 4:

“Respondeu Jesus: Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede,”
“mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Deveras, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.”


3. UM ELEMENTO ESSENCIAL

Diferentemente de outras bebidas, como sucos, refrigerantes, café, a água não se apresenta de uma forma especialmente atrativa, pois costumamos qualificá-la como incolor, inodora, e insípida, de modo que, quando uma pessoa acha que não está gostando muito de certo alimento afirma que ele está “aguado”.

Em verdade a água exige para que seja desejada a presença da sede.

Da mesma forma, receber a água da vida, deixar fluir os rios de Deus em nós, exige “sede das coisas eternas e da própria pessoa do Criador do Universo”, algo que não é material, pois, como disse Jesus a Samaritana, a fonte salta para a vida eterna, tal qual nos ensinam as Escrituras: Davi, um homem com sede de estar D avi, diante de Deus:

“A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo. Quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?” (Sal 42:2).
“Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te busco ansiosamente; a minha alma tem sede de ti, o meu corpo te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água.” (Sl 63:1).
“Estendo para ti as minhas mãos; a minha alma tem sede de ti como terra sedenta.” (Sl 143:6).

A Conclamação de Deus, e suas promessas:
“Os pobres e necessitados buscam água, mas não há; a sua língua se seca de sede. Mas eu, o Senhor, os ouvirei; eu, o Deus de Israel, não os desampararei.” (Isa 41:17).
“Nunca terão fome nem sede, nem a calma nem o sol os afligirá. Aquele que se compadece deles os guiará, e os levará mansamente aos mananciais das águas.” (Isa 49:10). “
Ó vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei! Vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.” (Isa 55:1). “Vêm dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a terra, não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor.” (Am 8:11).


A bem-aventurança e as promessas de Jesus:

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos.” (Mt 5:6).
“Então Jesus lhes declarou: Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim jamais terá sede.” (Jo 6:35).
“No último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se de pé, e clamou: Se alguém tem sede, venha a mim e beba.” (Jo 7:37).
“Disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. A quem tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida.” (Ap 21:6).
“O Espírito e a noiva dizem: Vem. Quem ouve, diga: Vem. Quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida.” (Ap 22:17).

A promessa eterna de Jesus e de Deus para os remidos:

“Nunca mais terão fome; nunca mais terão sede. Nem sol nem calor algum cairá sobre eles.” (Ap 7:16).


4. O CORRETO USO DA ÁGUA


Por outro lado, se o rio que sai do trono eterno, e cresce cada vez mais, for colocado não simplesmente à disposição do mitigar nossa sede, mas também para que passemos a possuir uma fonte em nosso interior, então nos tornaremos um instrumento divino, mensageiros da Palavra, capazes de ajudar a outros que têm sede.

Infelizmente, da mesma forma em que há resistência de muitos em beber das correntes de Deus, nem sempre é aceita a missão de levar a Palavra, e muitos se comportam de forma diferente dos rios que trazem vida, mencionados por Davi, e são símbolo de egoísmo e morte. Pensando que podem guardar a água somente para si, misturá-la com suas bebidas, e até mesmo vendê-la (Am 2:6).

“Será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas (Pois nelas há vida),a qual dá o seu fruto na estação própria, e cujas folhas não caem. Tudo o que fizer prosperará.” (Sal
1:3).

Isso não satisfaz ao Senhor, pois somente as correntes que descem das montanhas, correndo cada vez mais, transportando livramento para os outros, são alegria para o que habita na eternidade:

“Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das
moradas do Altíssimo.”
“Deus está no meio dela, não será abalada; Deus a ajudará ao romper da manhã.” (Sal 46:4-5).

Um exemplo interessante desta postura nos é dado pela comparação de dois “lagos” que existem na Terra Santa, o chamado Mar da Galiléia e o Mar Morto, ambos alimentados pelo rio Jordão.

Enquanto o Mar da Galiléia recebe a água e a devolve, de várias maneiras, sendo azul, cheio de vida, com margens marcadas por flores, o Mar Morto simplesmente prende as águas que chegam aos seus 80 quilômetros de comprimento, por 18 de largura, pois se situa cerca de 400 metros abaixo do nível do oceano.

O calor evapora essa água de modo que, depois de algum tempo, restam somente sais minerais, que formam uma camada de lodo no fundo, e uma superfície morta e inerte, tão densa que não é possível mergulhar através dela.

Representam, assim, lições; o andar com Deus para que nossa paz seja como um rio, o beber da água (Palavra) que Ele nos dá, tornando-se uma torrente que leva vida para onde vai, diferente do egoísta Mar Morto.

“Porque assim diz o Senhor: Estenderei sobre ela a paz como um rio, e a glória das nações como um ribeiro que transborda; então sereis amamentados, sereis carregados ao colo, e sobre os joelhos sereis afagados.” (Isa 66:12).

A mensagem das boas novas (como o pão), que apregoam Cristo, Filho de Deus e Salvador, é lançada como que sobre as águas, e gera frutos para a eternidade:

“Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás.” (Ecl 11:1)

Estudo bíblico ministrado por Pastor Elcio Lourenço em Brasília-DF