quarta-feira, 15 de abril de 2009

TENHO ANDADO NA TUA PRESENÇA COM CORAÇÃO PERFEITO


Como a simplicidade de uma criança, é essa co­munhão com Deus! Quando o Filho estava às portas da morte, Ele orou: "Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer; e ago­ra, glorifica-me, óPai, contigo mesmo" (João 17:4,5).

Jesus Cristo baseou Sua vida e Sua obra fundamen­tando Sua espera na resposta à oração que apresentou. Semelhantemente suplicou Ezequias, o servo de Deus, não à base do mérito pessoal, naturalmente, mas na confiança que Deus "não é injusto para ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu nome" (Hebreus 6:10), e que Deus se lembraria de como ele andara na Sua pre­sença com coração perfeito.
Essas palavras, antes de mais nada, nos sugeremeste pensamento, que o homem que anda com cora­ção perfeito diante de Deus, pode ter conhecimento disso — isso pode ser uma questão consciente para ele.
Examinemos agora o testemunho que as Escri­turas nos apresentam do rei Ezequias (II Reis 18:3-6): "Fez ele o que era reto perante o SENHOR, segundo tudo o que fizera Davi, seu pai." Seguem-se, então, os diferentes elementos de sua vida que eram retos no parecer do Senhor. "Confiou no SE­NHOR Deus de Israel... se apegou ao SENHOR, não deixou de segui-lo. Guardou os mandamentos que o SENHOR ordenara a Moisés. Assim foi o SENHOR com ele." Sua vida se caracterizou pela confiança e amor, constância e obediência. E o senhor esteve sempre com ele.
Ezequias foi um dos santos a res­peito dos quais lemos: "pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho" (Hebreus 11:2). Esse é o testemunho bíblico de que foram retos, de que suas vidas foram agradáveis aos olhos de Deus.
Procuremos ter essa consciência abençoada. Paulo a manifestou ao escrever: "Porque a nossa gló­ria é esta: o testemunho da nossa consciência, de que com santidade e sinceridade de Deus, não com sabedoria humana, mas na graça divina, temos vivido no mundo, e mais especialmente para convosco" (II Coríntios 1:12).O apóstolo João também a expressou quando disse: "Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante de Deus; e aquilo que pedimos dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos e fazemos diante dele o que lhe é agradável" (I João 3:21,22). Se quisermos gozar de perfeita paz e confiança, então temos de andar na ousadia santa e na glória bendita a que as Escrituras se referem, e saber que nosso coração é perfeito para com Deus.
A oração de Ezequias sugere uma segunda lição — que a consciência do coração perfeito nos dá um maravilhoso poder na oração. Leiamos novamente as palavras dessa oração, e notemos quão distintamen­te Ezequias baseou-se no seu andar de coração perfeito para com o Senhor. Por isso acabamos de citar I João, onde claramente ele diz que "aquilo que pedimos, dele recebemos, porque guardamos os seus mandamentos." É o coração que não nos condena, e que sabe que é perfeito perante Deus, que nos proporciona essa ousadia.
Provavelmente não há um único leitor destas linhas que não possa testificar quão dolorosamente, em certas ocasiões, a consciência de que o seu cora­ção não era perfeito para com Deus, serviu de obstá­culo para a confiança na oração.
Além disso surgiu noções errôneas sobre o que seja um coração perfeito, e sobre o perigo da justiça própria, quando o crente ora à semelhança de Ezequias Em muitos casos isso tem contribuído para banir toda idéia que é pos­sível algum dia alcançar aquela ousadia e confiante certeza a resposta às orações, e que João liga a um coração que não nos condena.
Oxalá desistíssemos de todos os nossos precon­ceitos e aprendêssemos a aceitar a Palavra de Deus tal como ela se encontra, como a única regra de nos­sa fé, como a única medida de nossa expectação. Nossas orações diárias seriam um novo lembrete de que Deus requer um coração perfeito; seriam uma nova ocasião de confissão sincera quanto ao fato de estarmos andando ou não com um coração perfeito diante do Senhor; seriam um novo motivo para fazer nada menos que o padrão de nossa comunhão com nosso Pai celestial.
Como a nossa ousadia na presen­ça de Deus seria muito mais definida; como nossa consciência de Sua aceitação seria mais luminosa; como o pensamento de nossa nulidade seria revivificado, e como a certeza de Seu poder nas nossas fra­quezas, e de sua resposta às nossas orações, seriam a alegria de nossa existência.No meio de toda consciência de imperfeição e de realizações falhas, temos o consolo de dizer com simplicidade de uma criança: "Lembra-te, Senhor, peço-te, de que andei diante de ti com fidelidade, com in­teireza de coração, e fiz o que era reto aos teus olhos."

Andrew Murray

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