sábado, 6 de março de 2010

DIA INTERNACIONAL DA MULHER


Acreditamos que o dia da mulher é todo dia. Porém se a nossa cultura reserva um dia para festejarmos, precisamos ir à história para sabermos o motivo.
No dia 8 de março do ano de 1857, na época da Revolução Industrial, cerca de 130 mulheres, operarias têxtis e algumas crianças de Nova Iorque entravam em greve, ocupando um galpão da fábrica. Não trabalhavam até que fossem ouvidas. Motivo: reivindicavam a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Interessante que o salário que recebiam, correspondia a menos de um terço de salário dos homens. Exploradas como escravas reivindicavam seus direitos, salários dignos, respeito e dignidade enquanto pessoa. Resultado: Seus chefes mandaram ordem para que o galpão fosse incendiado. Todas elas foram queimadas.
Com o propósito de chamar a atenção da sociedade internacional para o papel e a dignidade da mulher pela conscientização do seu valor enquanto pessoa, perceber seu papel na sociedade, contestar e rever preconceitos e limitações que vinham sendo impostos, só em 1910, numa conferência internacional na Dinamarca, elegeram o dia 8 de março para homenagear aquelas mulheres.
Na atualidade, nós mulheres precisamos compreender qual a essência da comemoração deste dia, e a nosso ver, não pode ser de outra forma, a não ser pela nossa compreensão a respeito da concepção de mulher que pairava no inconsciente coletivo da época, a ponto daqueles industriais resolverem o "problema", simplesmente mandando atear fogo no galpão da fabrica?!
A concepção de mulher da época e que ainda paira nos dias de hoje, decorria da idade média, herdeira da visão filosófica da antiguidade. Aristóteles, por exemplo, disseminou a idéia de que a mulher era um homem incompleto, um ser passivo e receptor. A mulher era apenas o solo que acolhia e fazia germinar a semente que vinha do semeador, ou seja, do homem. Acreditava-se que o filho recebia apenas a herança genética do pai, porque ele sim, era ativo e produtivo. Platão, outro filósofo, agradecia aos deuses pelo fato de ter nascido grego, livre e homem.

A VISÃO DE MULHER NO CRISTIANISMO

Sabemos que muito antes da idade média, Jesus, já contribuía para o resgate do papel, da dignidade e do valor da mulher, quebrando preconceitos e limitações que o próprio homem - ser humano - vinha imputando a ela. Para se ter idéia, o povo hebreu excluía a mulher tanto do exercício do governo civil, como de maior participação na esfera religiosa.
Para Flávio Josefo, importante historiador judeu, “a mulher possui, sob todos os aspectos, menor valor do que o homem”. Em sua vida religiosa e devocional, era equiparada a um escravo, sendo dispensada do Shema, tradicional prece judaica. Seu acesso ao templo limitava-se ao conhecido átrio das mulheres. Boa parte das correntes rabínicas considerava indigno ensinar a lei mosaica à mulher.
Jesus foi o único líder da antiguidade que concedeu dignidade e voz as mulheres. Ele falava publicamente com elas, possuía inúmeras discípulas, nutria relação de amizades com as irmãs Marta e Maria, Lc10.38. No evangelho de João 4.27 vemos a admiração dos discípulos de Jesus pelo fato deste, dialogar com uma mulher. No Novo Testamento encontramos outras evidências da presença da mulher. Em Rm 16.7, nos deparamos com Júnia, uma mulher entre os apóstolos. Encontramos a referência a Febe, diaconisa da Igreja de Cencréia e tantas outras.
Acreditamos que o mundo distorce o movimento da Mulher, entendendo-o como competição ao Homem. Ter os mesmos direitos do homem, não significa que devemos brigar com eles, viver sozinhas, usurpando o lugar que o próprio Deus designou que o homem ocupasse. Em (Gênesis 2:18) - E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora idônea para ele. Ajudadora no sentido de prestar auxílio, e idônea, que convém perfeitamente, que tem condições, que é competente para desempenhar determinados cargos e funções.
John Sott (2007) nos lembra que ambos, homem e mulher, foram abençoados e receberam a recomendação para serem fecundos, subjugar a terra e dominar sobre todas as suas criaturas (Gn 1.27). Desta forma, homens e mulheres igualmente trazem em si a imagem divina e partilham igualmente da administração da terra. Há, portanto, uma igualdade fundamental entre os sexos, ambos trazem em si, a imagem divina. Lembrando que igualdade não significa identidade. Embora os sexos sejam iguais, eles são diferentes. Igualdade é aqui entendida como complementaridade.
Assim como a Mulher tem ocupado destaque na sociedade, Deus tem proporcionado lugar para a Mulher dentro da Igreja. Lugar de ministradoras, de diaconisas, de intercessoras, estando ao lado do homem, complementando-o, visando o enriquecimento do Reino de Deus.
Nossa oração é que nós sejamos valorizadas e reconhecidas não apenas em uma única data, mas que seja notado diariamente pelos homens. Não esquecendo que “Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem nem mulher, pois todos sois um em Cristo Jesus” (Gl 3.28).

Profa. Márcia Braz
IEADRN

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