sexta-feira, 12 de junho de 2009

HUMILDADE E SANTIDADE


HUMILDADE E SANTIDADE
Leitura: "Povo que diz Fica onde estás, porque sou mais santo que tu" (Isaías 65.5).

Falamos sobre o Movimento de Santidade em nosso tempo, e louvamos a Deus por isso. Ou vimos de muitos buscadores da santidade e mestres da santidade, de ensinamento de santidade e reuniões de santidade. As verdades abençoadas da santidade em Cristo, e santidade pela fé, estão sendo enfatizadas como nunca antes. O maior teste para ver¬mos se a santidade que professamos buscar ou atingir é verdade e vida será ela ser manifestada na humildade cres-cente que ela produz. Na criatura, a humildade é a única coisa necessária para permitir que a santidade de Deus habite nela e brilhe através dela. Em Jesus, o Santo de Deus que nos faz santos, a humildade divina era o segredo de Sua vida, de Sua morte e de Sua exaltação.
O único teste infalível da nossa santidade será a hu¬mildade diante de Deus e dos homens que nos carac¬teriza. A humildade é a força e a beleza da santidade.
A principal marca da santidade falsificada é sua falta de humildade. Todo aquele que busca a santida¬de precisa estar vigiando, a fim de que não aconteça que, inconscientemente, o que foi começado no es¬pírito seja aperfeiçoado na carne e o orgulho rasteje onde sua presença é menos esperada. Dois homens foram ao templo para orar: um era um fariseu, o outro era um publicano. Não há posição ou lugar mais sa¬grado, mas o fariseu pode entrar lá. O orgulho pode chegar-lhe à cabeça dentro do próprio templo de Deus, e fazer da adoração a Ele a cena da auto-exaltação do fariseu. Desde que Cristo expôs o orgulho do fariseu, este pôs a veste do publicano , e o confessor de pro¬funda pecaminosidade, bem como o que professava a santidade mais elevada, deve estar alerta. Apenas quan¬do estamos muitíssimo ansiosos para ter nosso cora¬ção como um templo de Deus, poderemos encontrar os dois homens subindo ao templo para orar. E o publicano constatará que o perigo para si não é proveniente do fariseu ao seu lado, que o despreza, mas do fariseu interior que elogia e exalta. No templo de Deus, quando pensamos que estamos no Santo dos Santos, na presença de Sua santidade, vamos acautelar-nos do orgulho. "Num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles" (Jó 1.6).
"Ó Deus, graças Te dou porque não sou como os demais homens (...) nem ainda como este publicano" (Lc 18.11). O ego acha razão para sua satisfação na¬quilo que é apenas o motivo para as ações de graças, nas próprias ações de graça que rendemos a Deus e na própria confissão de que Deus fez tudo isso. Sim, até mesmo no templo, quando a linguagem de peni¬tência e confiança somente na misericórdia de Deus é ouvida, o fariseu pode começar a louvar e, agrade¬cendo a Deus, estar congratulando a si mesmo. O orgulho pôde vestir-se com vestes de louvor ou de penitência. Até quando as palavras: "Não sou como os demais homens" são rejeitadas e condenadas, o espí¬rito delas pode também, muitas vezes, ser encontrado em nossos sentimentos e linguagem diante de outros adoradores e homens como nós. Se você deseja saber se isso é realmente assim, apenas ouça a maneira como as igrejas e os cristãos geralmente falam uns dos ou¬tros. Quão pouco da mansidão e bondade de Jesus é vista. Tão pouco é lembrado de que a humildade pro¬funda tem de ser o princípio predominante do que os servos de Jesus dizem deles mesmos ou uns dos ou¬tros. Não há muitas igrejas ou assembleia de santos, muitas missões ou conferências, muitas sociedades ou comitês, até mesmo muitas missões nas distantes terras de idolatria, nas quais a harmonia tem sido per¬turbada e a obra de Deus impedida, porque os ho¬mens que são considerados santos provaram em suscetibilidade, precipitação e impaciência, em auto-defesa e auto-afirmação, em julgamentos severos e palavras grosseiras, que eles não consideram outros melhores que eles mesmos, e que sua santidade não tem pouco da mansidão dos santos?
Em sua história espiritual, os homens podem ter tido momentos de grande humilhação e quebranta¬mento, mas isso é muito diferente de ser revestido de humildade, de ter um espírito humilde, de ter a hu-mildade de mente em que cada um considera a si mes¬mo o servo dos outros e, assim, mostra publicamente a própria mente que está também em Jesus Cristo.
"Fica onde estás, porque sou mais santo que tu!" Que paródia sobre a santidade! Jesus, o Santo, é o Humilde: o mais santo será sempre o mais humilde. Não há nenhum santo a não ser Deus: temos tanto de santidade quanto temos de Deus. E de acordo com o que temos de Deus, essa será nossa real humildade, pois a humildade não é nada senão o desaparecimen¬to do ego na visão de que Deus é tudo. O mais santo será o mais humilde. Ah! Apesar da ostentação auda¬ciosa dos judeus dos dias de Isaías não ser encontra¬da frequentemente — até nossa conduta nos ensinou a não falar assim-, quantas vezes seu espírito ainda é visto, quer no tratamento com nossos companheiros santos, quer no tratamento com os filhos do mundo. No espírito no qual opiniões são dadas, e trabalho é empreendido, e faltas são expostas, quantas vezes, apesar de a aparência ser a daquele publicano, a voz ainda é a do fariseu: "O Deus, graças Te dou porque não sou como os demais homens".
E há, então, tamanha humildade a ser encontra¬da, pela qual os homens, de fato, considerem a si mesmos "menores que o menor de todos os santos" (Ef 3.8), os servos de todos? Há. "O amor não se ufana, não se ensoberbece, não procura os seus inte¬resses" (1 Co 13.4, 5). Onde o espírito de amor é derramado amplamente no coração, onde a natureza divina vem para um pleno começo, onde Cristo, o manso e humilde Cordeiro de Deus, é verdadeira¬mente formado no interior, aí é dado o poder de um perfeito amor, que esquece de si mesmo e acha sua bênção em abençoar outros, em suportá-los e honra-los, não importa quão fracos sejam. Onde esse amor entra, Deus entra. E onde Deus entrou em Seu po¬der, e revela a Si mesmo como Tudo, a criatura torna-se nada. E onde a criatura se torna nada diante de Deus, ela não pode ser nada a não ser humilde diante de outras criaturas como ela. A presença de Deus torna-se não algo ocasional, de tempos ou tempora-das, mas a cobertura sob a qual a alma sempre habita, e seu profundo rebaixamento diante de Deus torna-se o santo lugar de Sua presença de onde todas as palavras e obras dela procedem.
Que Deus nos ensine que nossas opiniões e palavras e sentimentos com respeito aos outros ho¬mens são Seu teste de nossa humildade diante Dele, e que nossa humildade diante Dele é o único poder que nos capacita a ser sempre humildes com os ho¬mens. Nossa humildade tem de ser a vida de Cristo, o Cordeiro de Deus, dentro de nós.
Que todos os mestres de santidade, quer no púlpito quer na plataforma, e todos os buscadores da santidade, quer em secreto quer na convenção, to¬mem cuidado. Não há orgulho tão perigoso, pois ne-nhum é tão sutil e traiçoeiro, como o orgulho da san¬tidade.
Não é que o homem sempre diga ou sempre pense: "Fique onde está; sou mais santo que você." Não, na verdade, esse pensamento é tratado com aver¬são. Mas lá cresce, inconscientemente, um hábito oculto da alma, que sente satisfação em seus feitos e não pode ajudar outros por ver quão avançada está em relação a eles. Isso pode ser percebido, não sempre numa especial auto-afirmação ou auto-exaltação, mas simplesmente na carência daquela profunda auto-hu-milhação que não pode ser senão a marca da alma que viu a glória de Deus (Jó 42.5,6; Is 6.5).
Isso revela a si mesmo, não apenas em palavras ou pensamentos, mas num tom, numa maneira de falar de outros, na qual aqueles que têm o dom de discernimento espiri¬tual não podem fazer outra coisa a não ser perceber o poder do ego. Até o mundo com seus olhos pene-trantes observa isso, e aponta para isso como uma prova de que o professar de uma vida celestial não produz nenhum fruto celestial especial. Oh! irmãos, vamos nos acautelar. A menos que façamos com que cada avanço no que pensamos ser santidade corresponda ao crescimento da humildade, percebe¬remos que temos nos deleitado em belos pensamen¬tos e sentimentos, em atos solenes de consagração e fé, enquanto a única marca segura da presença de Deus, o desaparecimento do ego, esteve o tempo todo ausente. Venham e vamos fugir para Jesus, e escon-der-nos Nele até que sejamos revestidos com Sua humildade. Somente isso é nossa santidade.


A ambição é miséria enfeitada, veneno secreto, pra¬ga oculta, executora do engano, mãe da hipocri¬sia, progenitora da inveja, o primeiro dos defei¬tos, ofensora da santidade e aquela que cega os corações, transformando medicamentos em do¬enças e remédios em males. Os lugares altos nun¬ca deixam de ser incômodos, e as coroas estão sempre repletas de espinhos.
(Thomas Brooks)
Quando procuramos honras, desviamo-nos de Jesus. (Hugh of St. Victor)

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