quarta-feira, 15 de julho de 2009

HUMILDADE E EXALTAÇÃO



Leitura: "O que se humilha será exaltado " (Lucas 18.14).
"Deus dá graça aos humildes. (...) Humilhai-vos na pre¬sença do Senhor, e ele vos exaltará" (Tiago 4.6,10).
"Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus,para que ele, em tempo oportuno, vos exalte"'(1 Pedro 5.6).

Ontem me perguntaram: "Como posso ven¬cer esse orgulho?" A resposta é simples. Duas coisas são necessárias: faça o que Deus diz que é seu trabalho: humilhar-se a si mesmo, e confie Nele para fazer o que Ele diz que é trabalho Dele: Ele o exaltará.
A ordem é clara: humilhe-se a si mesmo. Isso não significa que é o seu trabalho vencer e expulsar o orgulho de sua natureza e formar dentro de você a mansidão do santo Jesus. Não, essa é a obra de Deus, a própria essência da exaltação, na qual Ele o eleva para dentro da real semelhança do Filho amado. O que a ordem significa é isto: tome cada oportunidade de humilhar-se diante de Deus e do homem. Na con-fiança na graça que já está trabalhando em você, na segurança de que mais graça para vitória está vindo e de que a luz da consciência brilha sobre o orgulho do coração e suas obras; apesar de tudo o que possa haver de fracasso e falha, permaneça persistentemente sob a ordem imutável: humilhe-se a si mesmo. Aceite com alegria tudo o que Deus permite, interior ou exteriormente, de amigo ou inimigo, em natureza ou em graça, para lembrá-lo da sua necessidade de hu¬milhar-se e para ajudá-lo a isso. Considere a humilda¬de como sendo, de fato, a virtude-mãe, sua primeira obrigação diante de Deus, a única salvaguarda perpé¬tua da alma, e fixe seu coração nisso como a origem de toda bênção. A promessa é divina e segura: aquele que se humilhar será exaltado. Cuide para fazer a única coisa que Deus pede: humilhe-se a si mesmo. Deus cuidará de fazer a única coisa que Ele prometeu: Ele dará mais graça e Ele o exaltará no devido tempo.
Todos os tratamentos de Deus com o homem são caracterizados por dois estágios. Há o tempo de preparação, quando ordem e promessa — com a expe¬riência mesclada de esforço e impotência, de fracasso e sucesso parcial, com a santa expectativa de algo melhor que isso despertará — treinarão e disciplinarão os homens para um estágio mais elevado. Depois, vem o tempo de cumprimento, quando a fé herda a pro¬messa, e deleita-se por ter, tantas vezes, se esforçado em vão. Essa lei vale em cada aspecto da vida cristã e na busca de cada virtude em separado, porque ela está plantada na própria natureza das coisas. Em tudo o que concerne a nossa redenção, Deus tem de ne-cessariamente tomar a iniciativa. Quando isso estiver feito, a volta do homem a Deus acontece.
No esforço de obter a obediência, uma pessoa tem de aprender a conhecer sua impotência — a ponto de desesperar-se para morrer para ele mesmo — e ser ajustado voluntária e inteligentemente para receber de Deus o fim, a completação daquilo que ele acei¬tou no início da vida cristã em ignorância. Então, Deus — que foi o Início, antes que o homem O conhecesse razoavelmente ou plenamente entendesse o que era Seu propósito — é ansiado e bem-vindo como o Fim, como o Tudo em todos.
E tanto como é assim em relação à salvação, também é na busca da humildade. A ordem vem do trono, do próprio Deus, para cada cristão: humilhe-se a si mesmo. O cristão sério que atenta para ouvir e obedecer será recompensado — sim, recompensado — com a descoberta dolorosa de duas coisas. A primeira: quão profundo orgulho - que é a má vontade de se considerar e ser considerado como nada para sub-meter-se a Deus - havia, o qual não era conhecido de ninguém. A segunda será perceber que completa im¬potência há em todos os nossos esforços (e em todas as nossas orações, também, pela "ajuda de Deus") para destruir o horrível monstro. Bem-aventurado o homem que agora aprende a pôr sua esperança em Deus e perseverar, apesar de todo o poder do orgu¬lho dentro dele, em atos de humilhação diante de Deus e dos homens. Conhecemos a lei da natureza humana: atos produzem hábitos, hábitos geram disposições, dis¬posições formam a vontade, e a vontade devidamente formada é caráter. Não é diferente na obra da graça. Enquanto temos atos de humilhação, os quais, persis¬tentemente repetidos, tornam-se hábitos e disposições, e essas fortalecem o desejo, Deus, que efetua em nós tanto o querer como o realizar (Fp 2.13), vem com Seu maravilhoso poder e Espírito, e, assim, a humi¬lhação do coração orgulhoso — com a qual o santo penitente lançou-se a si mesmo frequentemente dian¬te de Deus — é recompensada com "mais graça" do coração humilde, no qual o Espírito de Jesus venceu e levou a nova natureza r maturidade, e onde Ele, o manso e humilde, agora habita para sempre.
Humilhem-se na visão do Senhor, e Ele irá exaltá-los. E no que consiste a exaltação? A mais ele¬vada glória da criatura é ser somente um vaso, para receber e desfrutar e mostrar publicamente a glória de Deus. Ela pode fazer isso somente quando está desejando nada ser em si mesmo para que Deus seja tudo. A água sempre preenche primeiro os lugares mais baixos. Quanto mais baixo, quanto mais vazio o homem fica diante de Deus, mais rápido e mais ple¬namente será o enchimento interior com a glória divi¬na. A exaltação que Deus promete não é, não pode ser, qualquer coisa externa à parte Dele mesmo; tudo o que Ele tem para dar ou pode dar é somente mais Dele mesmo para tomar posse de nós mais completa¬mente. A exaltação não é, como um prêmio terreno, algo arbitrário, sem a necessária conexão com a con-duta a ser recompensada. Não! Mas é, em sua própria natureza, o efeito e o resultado de humilhar-nos a nós mesmos. Não é nada a não ser o dom de tal hu¬mildade divina que habita interiormente, tal confor-midade e posse da humildade do Cordeiro de Deus, que nos prepara para receber plenamente o habitar interior de Deus.
Aquele que a si mesmo se humilhar será exalta¬do. O próprio Jesus é a prova da verdade dessas pala¬vras, e da certeza de seu cumprimento para nós, Ele é a garantia. Vamos tomar sobre nós Seu jugo e apren¬der Dele, pois Ele é manso e humilde de coração. Se não quisermos nos curvar a Ele, como Ele se curvou a nós, Ele ainda irá se curvar a cada um de nós nova¬mente, e nos acharemos em jugo não desigual com Ele. Como entramos profundamente na comunhão de Sua humilhação, e também nos humilhamos ou carre¬gamos a humilhação dos homens, podemos contar que o Espírito de Sua exaltação, "o Espírito de Deus e de glória", repousará sobre nós. A presença e o poder do Cristo glorificado virão para aqueles que são hu-mildes de espírito. Quando Deus pode novamente ter Seu devido lugar em nós, Ele irá nos exaltar.
Por isso, faça da glória de Deus seu cuidado em humilhar-se a si mesmo. Ele fará sua glória Seu cuida¬do em aperfeiçoar sua humildade e soprá-la para den¬tro de você, como sua vida habitante, o próprio Espí¬rito de Seu Filho. Como a vida todo-permeante de Deus domina você, não haverá nada tão espontâneo e nada tão doce como ser nada, com nenhum pensa¬mento ou desejo do ego, pois tudo é ocupado com Aquele que a tudo preenche. "De boa vontade me gloriarei em minha fraqueza, para que o poder de Cris¬to repouse sobre mim."
Irmãos, não temos aqui a razão pela qual nossa consagração e nossa fé são tão pouco úteis na busca pela santidade? Foi pelo ego e sua força que a obra foi feita sob o nome de fé; foi para o ego e sua alegria que Deus foi chamado; era, inconscientemente, mas ainda verdadeiramente, no ego e em sua santidade que a alma se regozijou. Antes, não tínhamos idéia de que a hu¬mildade — absoluta, habitante, humildade e auto-destruição semelhantes às de Cristo, permeando e mar¬cando toda nossa vida com Deus e o homem — era o mais essencial elemento da vitalidade da santidade que buscamos ver.
É apenas sob o domínio de Deus que perco meu ego. Como é na altura e na largura e glória da luz do sol que a insignificância da partícula de poeira se movi¬mentando é vista, assim também a humildade é tomar¬mos nosso lugar na presença de Deus para ser uma par¬tícula de pó habitando na luz do sol de Seu amor.
"Quão grande é Deus! Quão pequeno sou! Perdido, tragado na imensidão do Amor! Há somente Deus, não eu!".
Que Deus nos ensine a crer que ser humilde, ser nada em Sua presença, é o mais elevado feito e a bênção mais plena da vida cristã. Ele nos fala: "Habito no lugar santo e elevado, e com aquele que é de espí¬rito contrito e humilde". Que essa seja nossa porção!
"Oh, ser o mais vazio, o mais baixo, humilhado, não notado e desconhecido, e para Deus o mais santo vaso, cheio com Cristo, e somente Cristo!"

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