segunda-feira, 13 de julho de 2009

HUMILDADE E MORTE AO EGO



Leitura: "A Si mesmo se humilhou, tornando-se obedien¬te até a morte" (Filipenses 2.8).

A humildade é o caminho para a morte, pois na morte ela dá a maior prova de sua perfei¬ção. A humildade é o florescimento do qual a morte ao ego é o perfeito fruto. Jesus se humilhou até a morte, e abriu o caminho no qual devemos andar também. Assim como lá não havia maneira de Ele provar Sua entrega absoluta a Deus ou de de¬sistir e sair da natureza humana para a glória do Pai a não ser pela morte, assim também é conosco. A hu¬mildade tem de nos levar a morrer para o ego; então, provamos quão completamente desistimos de nós mesmos para ele e para Deus: somente, então, so¬mos libertados da natureza caída e encontramos o caminho que leva para a vida em Deus, para o pleno nascimento da nova natureza, da qual a humildade é o fôlego e a alegria.
Temos falado do que Jesus fez por Seus discí¬pulos quando transmitiu Sua vida de ressurreição para eles, quando, na descida do Espírito Santo, Ele, o glorificado e entronizado Manso, veio dos céus para habitar neles. Ele ganhou o poder para fazer isso por meio da morte: a vida que Ele partilhou, em seu caráter mais intrínseco, foi uma vida que saiu da mor¬te, uma vida que foi entregue à morte e foi ganha pela morte. Ele, que veio habitar nos discípulos era, Ele mesmo, Alguém que havia sido morto e agora vivia para sempre. Sua vida, Sua pessoa, Sua presen¬ça carregam as marcas de morte, de ser uma vida nascida da morte. Aquela vida em Seus discípulos também carrega sempre as marcas da morte; é so¬mente como o Espírito da morte, do Morto, ao habi¬tar e trabalhar na alma, que o poder de Sua vida pode ser conhecido. A primeira e principal das mar¬cas do morrer do Senhor Jesus, das marcas da morte que indicam o verdadeiro seguidor de Jesus, é a hu¬mildade, por estas duas razões: somente a humilda¬de leva à perfeita morte e somente a morte aperfei¬çoa a humildade. A humildade e a morte são, em essência, uma só: a humildade é o embrião, e, na morte, o fruto é amadurecido até a perfeição.
A Humildade Leva à Perfeita Morte
Humildade significa o desistir do ego e o tomar o lugar do perfeito nada-ser diante de Deus. Jesus se humilhou e tornou-se obediente até a morte. Na morte, Ele deu a maior e a mais perfeita prova de ter desisti¬do de Sua vontade em prol da vontade de Deus. Na morte, Ele desistiu de Si mesmo, com a natural relu¬tância do ego em beber do cálice; Ele desistiu da vida que tinha em união com nossa natureza humana; Ele morreu para o ego e para o pecado que O tentava; então, como homem, Ele entrou na perfeita vida de Deus. Se não fosse pela Sua infinita humildade, con¬siderando a Si mesmo como nada, a não ser como um servo para fazer e sofrer a vontade de Deus, Ele nunca teria morrido.
Isso nos dá a resposta para a questão tão fre¬quentemente feita, e da qual o significado é muito raramente apreendido de forma clara: "Como posso morrer para o ego?" A morte para o ego não é nossa obra, é obra de Deus. Em Cristo você está morto para o pecado; a vida que estava em você se foi pelo processo de morte e ressurreição; você pode estar certo de que está, de fato, morto para o pecado.
Mas a plena manifestação do poder dessa morte em sua disposição e conduta depende da medida que o Espírito Santo partilha do poder da morte de Cristo. E é aqui que o ensinamento é necessário: se você entrasse em plena comunhão com Cristo em Sua morte e conhecesse a plena libertação do ego, hu¬milharia a si mesmo. Essa é sua única obrigação. Colo-que-se diante de Deus em completo abandono; con¬sinta de coração com o fato de sua impotência para matar a você mesmo e de fazer você mesmo viver; mergulhe em seu próprio nada-ser, no espírito de mansidão e paciência e confiável entrega a Deus. Aceite cada humilhação, olhe para cada homem que tenta ou irrita você como um meio de graça para humilhar você. Use toda oportunidade de humilhar-se diante dos homens como uma ajuda para perma¬necer diante de Deus. Deus aceitará tal humilhação como a prova de que você deseja isso de todo cora¬ção, como a melhor oração por isso, como sua pre¬paração para o poderoso trabalho da graça Dele, quando, pela poderosa força de Seu Santo Espírito, Ele revela Cristo plenamente em você, para, então, Ele, em Sua forma de um servo, ser verdadeira¬mente formado em você e habitar em seu coração. Esse é o caminho de humildade que leva à perfeita morte, à plena e perfeita experiência de que estamos mortos em Cristo. Oh, tomemos cuidado com o erro que muitos cometem: eles gostariam de ser humildes, mas estão temerosos de ser muito humildes. Eles têm tantas qualificações e limitações, tantos arrazoamentos e questionamentos do que a verdadeira humildade é e faz, que nunca se submetem sinceramente a ela. Cui¬dado com isso! Humilhe-se até a morte. É na morte ao ego que a humildade de Cristo é aperfeiçoada. Este¬ja absolutamente certo de que na raiz de toda expe¬riência real de mais graça, de todo verdadeiro pro¬gresso na consagração, de toda conformação real¬mente crescente à semelhança de Jesus, tem de ha¬ver uma mortificação para o ego a qual prova, a Deus e aos homens, que é genuína, em nossa disposição e hábitos. É lamentavelmente possível falar de mor¬te-vida e do andar no Espírito enquanto até o mais ingênuo não pode fazer nada a não ser ver o quanto há de ego. A morte ao ego não tem marca mais certa de morte do que uma humildade que faz de si mes¬mo alguém sem reputação, que se esvazia e toma a forma de servo. É possível falar muito e honesta¬mente de comunhão com um Jesus desprezado e rejeitado e de carregar Sua cruz, enquanto a mansa e humilde, a meiga e gentil humildade do Cordeiro de Deus não são vistas, são muito raramente vistas. O Cordeiro de Deus significa duas coisas: mansidão e morte. Vamos buscar recebê-Lo em ambas as formas. Nele, essas marcas são inseparáveis: elas têm de estar em nós também.
Que tarefa sem esperança se nós tivéssemos de fazer o trabalho! Natureza nunca pode vencer natu¬reza, nem mesmo com a ajuda da graça. Ego nunca pode expulsar ego, nem mesmo no homem regenera-do. Louvado seja Deus! O trabalho foi feito, concluí¬do e aperfeiçoado para sempre! A morte de Jesus, de uma vez por todas, é a nossa morte para o ego. E a ascensão de Jesus, Sua entrada de uma vez por todas no Santo dos Santos, nos deu o Espírito Santo para nos transmitir em poder e fazer nosso o poder da morte-vida. Como a alma, na busca e prática da hu¬mildade, segue os passos de Jesus, sua consciência da necessidade de algo mais é despertada, seu desejo e esperança é apressado, sua fé é fortalecida, e ela apren¬de a olhar para o alto e clamar e receber aquela ver¬dadeira plenitude do Espírito de Jesus que pode, dia¬riamente, manter a morte ao ego e pecado sob o seu pleno poder, e fazer da humildade o espírito todo-permeante de nossa vida.
"Porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte} (...) Considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. (...) Oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos" (Rm 6.3,11,13). A com-pleta autoconscientização do cristão é ser saturado e caracterizado pelo espírito que avivou a morte de Cris¬to. Ele tem sempre de oferecer-se a Deus como al¬guém que morreu em Cristo e em Cristo está vivo vindo da morte, levando em seu corpo o morrer do Senhor Jesus. Sua vida sempre leva as duas marcas entrelaçadas: suas raízes alcançando , na verdadeira humildade profunda dentro da sepultura de Jesus, a morte ao pecado e ao ego, e sua cabeça elevada, em poder de ressurreição, aos céus onde Jesus está.
Crente, clame em fé a morte e a vida de Jesus como suas. Entre na sepultura de Cristo no descan¬so do ego e da obra do ego — o descanso de Deus. Com Cristo, que confiou Seu espírito nas mãos do Pai, humilhe-se e desça cada dia até a perfeita e sem esperança dependência de Deus. Deus irá ressuscitá-lo e exaltá-lo. Mergulhe cada manhã em profundo, profundo nada-ser dentro da sepultura de Jesus; cada dia a vida de Jesus será manifestada em você. Permi¬ta que uma disposta, amável, tranquila, alegre hu¬mildade seja a marca que você tenha, de fato, reivin¬dicado como seu direito de nascimento: o batismo para dentro da morte de Cristo. "Com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sen¬do santificados" (Hb 10.14). As almas que entram em Sua humilhação acharão Nele o poder para ver e considerar o ego morto, e, como aqueles que apren¬deram e receberam Dele, para andar com toda hu¬mildade e mansidão, suportando uns aos outros em amor. A morte-vida é vista em uma mansidão e hu¬mildade como a de Cristo.

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