quinta-feira, 30 de julho de 2009

Adoração com Gratidão


Col 3:16 Habite ricamente em vocês a palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração.

Ultimamente tenho falado muito sobre este assunto tão simples e ao mesmo tempo tão importante e fundamental na vida do adorador. O texto acima escrito por Paulo nos mostra como devemos cantar e nos expressar em adoração através de cânticos e musica. Ele diz: "Cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a Deus em seu coração". Eu sempre digo e afirmo que sem gratidão é impossível adorar a Deus. A nossa adoração deve partir da gratidão.

Gratidão
1. Qualidade de quem é grato.
2. Agradecimento, reconhecimento.

Se não houver gratidão estaríamos apenas cantando. Sem o reconhecimento que existe na gratidão não existe adoração verdadeira.

Salmo 100
Salmo. Para ação de graças.
1) Aclamem o Senhor todos os habitantes da terra!
2 )Prestem culto ao Senhor com alegria; entrem na sua presença com cânticos alegres.
3 )Reconheçam que o SENHOR é o nosso Deus. Ele nos fez e somos dele; somos o seu povo, e rebanho do seu pastoreio.
4 )Entrem por suas portas com ações de graças, e em seus átrios, com louvor; dêem-lhe graças e bendigam o seu nome.
5 )Pois o Senhor é bom e o seu amor leal é eterno; a sua fidelidade permanece por todas as gerações.

O autor desse salmo encoraja o povo de Deus a prestar culto com alegria partindo da gratidão.

No verso 2 ele diz: "prestem culto com alegria" e"entrem na sua presença com cânticos alegres".

E o reconhecimento (3) "reconheçam que o Senhor é o nosso Deus".

Muitas vezes vejo os períodos de adoração nas igrejas tão mecânicos e automáticos; sem querer julgar, mas às vezes dá vontade de que termine logo e que venha o momento da Palavra. Talvez você já passou por isso. Os cânticos se tornaram algo mais como um enfeite e entretenimento, e músicos querendo mostrar seus talentos e dons para a platéia. As frases de efeito se tornam cada vez mais vazias e monótonas.

Quando deveria ser simples, sem complicações. Existem elementos fundamentais para a adoração: Reconhecimento, alegria e gratidão. Se houver esses três elementos estaremos fazendo o que o Salmo 100 fala.

Reconhecer o Senhor e colocar ELE no primeiro plano dos nossos cânticos. Se o cântico fala mais de mim, do meu ego, da minha necessidade, do que Ele pode fazer por mim, e tantas outras coisas baseadas no EU, é impossível que haja adoração verdadeira. Serão apenas cânticos, lindos, emotivos, mas que não sobem como incenso de adoração.

É o Senhor no trono e nós no lugar de adoração.

A partir do reconhecimento vem a alegria.

Quando percebemos quem e o que é Deus, a alegria começa a brotar, porque visualizamos o que Ele fez e o amor que Ele tem por nós. Ai sim podemos nos sentir importantes, porque afinal somos filhos do Grande Eu sou. Não tem como não ficar alegres quando percebemos tal verdade. Mas Ele continua no primeiro plano.

Aí a gratidão já começa a brotar do coração e a verdadeira adoração começa a fluir.

O verso 4 diz que devemos entrar pelas portas com ações de graças (gratidão).

Então fica obvio que a gratidão é a primeira coisa que deve haver na adoração, porque fala das portas, da entrada. Se quisermos adorar com coração ingrato e cheio de murmuração, será uma tarefa impossível. Serão cânticos vazios e sem sentido.

De repente você pode me dizer que às vezes passamos por lutas e desertos, e não encontramos motivos para a gratidão.

Isso é perfeitamente compreensível e certamente Deus conhece nossos corações melhor do que nós mesmos.

Mas ai entra a fé e o reconhecimento do Senhor. Ai entra um exercício de gratidão. E existe um motivo que não tem como deixar de existir:

Sl 106:1 Aleluia! Dêem graças ao Senhor porque ele é bom; o seu amor dura para sempre.

Ele é bom! Damos graças porque Ele é bom, e sempre será bom. Essa é a essência do nosso Deus.

Mesmo que estejamos passando pelo deserto, Ele é bom! Mesmo estando desempregados e em dificuldades financeiras, Ele é bom! Mesmo passando por lutas e dificuldades, Ele é bom! Como diz o Pr. Marcio: "Deus é bom, sempre bom".

Tenho certeza de que havendo reconhecimento e gratidão, nossas lutas e dificuldades se tornam bem pequenas e sem tanta importância diante de tamanha revelação: ELE É BOM!

No estudo anterior sobre esperança, pudemos ver que o Senhor tem planos para nós, e muitas vezes, ou quase sempre é necessário que passemos por situações de deserto, onde somos tratados em nosso caráter. Situações que nos tornam dependentes do Senhor, e nas quais passamos a conhecê-lo melhor. E quando o conhecemos, o reconhecemos, e quando o reconhecemos. bom, o resto você já sabe.

O importante é que sempre haja gratidão em nossos corações. E eu não estou dizendo para ficar repetindo como um papagaio 24 horas por dia: "Graças a Deus". Não é isso, mas um coração grato a "pesar de", apenas por saber que Deus é bom, e no momento certo, esse deserto, essa luta, essa prova vai terminar. Porque Ele é bom, e seu amor dura para sempre.

Paz para o seu coração.
Jorge Russo
ministeriotrio@gmail.com
www.ministeriotrio.com.br

terça-feira, 21 de julho de 2009

APRENDENDO COM DAVI



“Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmente dele” (II Cr 16:9 a)

O que fazer quando as nossas fraquezas saltam aos olhos e a sensação é de fragilidade na batalha? Quando tentações e provações atacam ao mesmo tempo? Quando se vê que as forças estão se esvaindo e sozinhos não daremos mais um passo? Davi me ensinou.

A bíblia descreve Davi como um homem segundo coração de Deus (At 13:22). Mas sua vida não era perfeita. Davi experimentou conquistas e fracassos. Sua vida pode se resumir a uma palavra: batalhas. Batalhas como rei do povo de Israel, dentro de sua família e principalmente, batalhas dentro do seu coração. Ser alguém segundo o coração de Deus não tem a ver com nunca pecar ou pensar em desistir.

Davi era especial por ter um coração totalmente rendido a Deus em todo tempo, sobretudo nos momentos difíceis. Quando lutava pelo povo, pedia a ajuda de Deus e confiava Nele (I Sm 17:4,10,33,37,45). Quando era ridicularizado pelos irmãos ou pela esposa, se apoiava no chamado de Deus e prosseguia (I Sm 17:26-31 e II Sm 6:16, 20-23). Quando pecava, confessava a Deus e suplicava seu perdão (Sl 51).

Deus quase sempre foi o centro da vida de Davi. E quando não foi, ele se arrependeu disso. Isso é muito encorajador para nós, pois Deus foi fiel a ele. E como não tem filhos preferidos, fará o mesmo por nós (At 10:34)! Só precisamos estar com os corações totalmente rendidos a Ele. Qualquer que seja a dor, Deus pode dar sustento e solução (Is 53 todo). Jesus pagou o preço da Cruz (Fp 2:5-11) e não foi em vão! Ele verá o fruto do penoso trabalho de Sua alma e ficará satisfeito (Is 53:11).

Se a questão é vontade de pecar, Ele dá forças para resistir à tentação. Se é culpa pelo pecado já cometido, Ele tem perdão para o coração arrependido. Se é dor pela perda, Ele pode preencher o vazio. Se é angustia com situações a resolver ou decisões a tomar, Ele tem a direção. Se o problema está nos relacionamentos familiares, Ele tem o remédio para todo conflito. Se for a dor da espera pelo milagre que parece nunca chegar, Ele consola e dá paciência.

O lance é que queremos que Deus venha até nós quando a bíblia diz para nós irmos ao encontro Dele (Is 55:1, Jr 33:3, Mt 11:28-32). Não que Ele não possa nos tocar espontaneamente. Mas Ele já fez tudo! Cabe a nós a atitude de buscá-Lo.

Não valorizar a presença de Jesus é o mesmo que continuar endividado tendo ouro debaixo do colchão! Davi entendeu esse princípio antes mesmo da Cruz. Ele sempre ia a Deus e encontrava tudo o que precisava em Sua presença (Sl 27, 51, 103). Vamos aprender com ele e trazer a presença de Deus pro centro das nossas vidas! Sem nos prendermos a métodos ou modelos de relacionamento com Deus. Davi buscava a Deus onde dava. Moisés ouvia Deus no monte, Elias na caverna e assim por diante.

O que importa é rendermos nossa vida a Ele com tudo o que temos e nós jamais nos veremos desamparados!



Carinhosamente em Cristo



Thais

quarta-feira, 15 de julho de 2009

UMA ORAÇÃO POR HUMILDADE



Vou aqui dar uma infalível pedra de toque , que irá provar todos em relação à verdade. É isto: afaste-se do mundo e de toda conversa¬ção, somente por um mês; não escreva, não leia, não debata nada com você mesmo; pare todo trabalho an¬terior de seu coração e mente, e, com toda a força do seu coração, permaneça todo esse mês, tão continua¬mente quanto possa, na seguinte forma de oração a Deus. Ofereça-a frequentemente de joelhos; mas se estiver sentado, andando ou em pé, esteja sempre in¬teriormente desejoso e seriamente orando essa única oração a Deus: "Que toda a Tua grande bondade Tu a faças conhecida a mim, e tome de meu coração todo tipo, grau e forma de orgulho, quer vindo de espíritos malignos ou de minha própria natureza corrupta; e que Tu despertes em mim uma profunda verdade e profundeza daquela humildade que me faça suscetível à Tua luz e Santo Espírito". Rejeite todo pensamento, a não ser aquele de esperar e orar por esse assunto do mais profundo do seu coração, com tal verdade e seriedade, como as pessoas em tormenta desejam orar a fim de ser libertados dela (...) Se você pode e vai dar a si mesmo em verdade e sinceridade a esse espí¬rito de oração, eu arrisco afirmar que se você tiver duas vezes mais espíritos malignos do que Maria Madalena teve, eles serão expulsos de você e você será forçado, assim como ela foi, a derramar lágrimas de amor aos pés do santo Jesus.

FIM

HUMILDADE E EXALTAÇÃO



Leitura: "O que se humilha será exaltado " (Lucas 18.14).
"Deus dá graça aos humildes. (...) Humilhai-vos na pre¬sença do Senhor, e ele vos exaltará" (Tiago 4.6,10).
"Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus,para que ele, em tempo oportuno, vos exalte"'(1 Pedro 5.6).

Ontem me perguntaram: "Como posso ven¬cer esse orgulho?" A resposta é simples. Duas coisas são necessárias: faça o que Deus diz que é seu trabalho: humilhar-se a si mesmo, e confie Nele para fazer o que Ele diz que é trabalho Dele: Ele o exaltará.
A ordem é clara: humilhe-se a si mesmo. Isso não significa que é o seu trabalho vencer e expulsar o orgulho de sua natureza e formar dentro de você a mansidão do santo Jesus. Não, essa é a obra de Deus, a própria essência da exaltação, na qual Ele o eleva para dentro da real semelhança do Filho amado. O que a ordem significa é isto: tome cada oportunidade de humilhar-se diante de Deus e do homem. Na con-fiança na graça que já está trabalhando em você, na segurança de que mais graça para vitória está vindo e de que a luz da consciência brilha sobre o orgulho do coração e suas obras; apesar de tudo o que possa haver de fracasso e falha, permaneça persistentemente sob a ordem imutável: humilhe-se a si mesmo. Aceite com alegria tudo o que Deus permite, interior ou exteriormente, de amigo ou inimigo, em natureza ou em graça, para lembrá-lo da sua necessidade de hu¬milhar-se e para ajudá-lo a isso. Considere a humilda¬de como sendo, de fato, a virtude-mãe, sua primeira obrigação diante de Deus, a única salvaguarda perpé¬tua da alma, e fixe seu coração nisso como a origem de toda bênção. A promessa é divina e segura: aquele que se humilhar será exaltado. Cuide para fazer a única coisa que Deus pede: humilhe-se a si mesmo. Deus cuidará de fazer a única coisa que Ele prometeu: Ele dará mais graça e Ele o exaltará no devido tempo.
Todos os tratamentos de Deus com o homem são caracterizados por dois estágios. Há o tempo de preparação, quando ordem e promessa — com a expe¬riência mesclada de esforço e impotência, de fracasso e sucesso parcial, com a santa expectativa de algo melhor que isso despertará — treinarão e disciplinarão os homens para um estágio mais elevado. Depois, vem o tempo de cumprimento, quando a fé herda a pro¬messa, e deleita-se por ter, tantas vezes, se esforçado em vão. Essa lei vale em cada aspecto da vida cristã e na busca de cada virtude em separado, porque ela está plantada na própria natureza das coisas. Em tudo o que concerne a nossa redenção, Deus tem de ne-cessariamente tomar a iniciativa. Quando isso estiver feito, a volta do homem a Deus acontece.
No esforço de obter a obediência, uma pessoa tem de aprender a conhecer sua impotência — a ponto de desesperar-se para morrer para ele mesmo — e ser ajustado voluntária e inteligentemente para receber de Deus o fim, a completação daquilo que ele acei¬tou no início da vida cristã em ignorância. Então, Deus — que foi o Início, antes que o homem O conhecesse razoavelmente ou plenamente entendesse o que era Seu propósito — é ansiado e bem-vindo como o Fim, como o Tudo em todos.
E tanto como é assim em relação à salvação, também é na busca da humildade. A ordem vem do trono, do próprio Deus, para cada cristão: humilhe-se a si mesmo. O cristão sério que atenta para ouvir e obedecer será recompensado — sim, recompensado — com a descoberta dolorosa de duas coisas. A primeira: quão profundo orgulho - que é a má vontade de se considerar e ser considerado como nada para sub-meter-se a Deus - havia, o qual não era conhecido de ninguém. A segunda será perceber que completa im¬potência há em todos os nossos esforços (e em todas as nossas orações, também, pela "ajuda de Deus") para destruir o horrível monstro. Bem-aventurado o homem que agora aprende a pôr sua esperança em Deus e perseverar, apesar de todo o poder do orgu¬lho dentro dele, em atos de humilhação diante de Deus e dos homens. Conhecemos a lei da natureza humana: atos produzem hábitos, hábitos geram disposições, dis¬posições formam a vontade, e a vontade devidamente formada é caráter. Não é diferente na obra da graça. Enquanto temos atos de humilhação, os quais, persis¬tentemente repetidos, tornam-se hábitos e disposições, e essas fortalecem o desejo, Deus, que efetua em nós tanto o querer como o realizar (Fp 2.13), vem com Seu maravilhoso poder e Espírito, e, assim, a humi¬lhação do coração orgulhoso — com a qual o santo penitente lançou-se a si mesmo frequentemente dian¬te de Deus — é recompensada com "mais graça" do coração humilde, no qual o Espírito de Jesus venceu e levou a nova natureza r maturidade, e onde Ele, o manso e humilde, agora habita para sempre.
Humilhem-se na visão do Senhor, e Ele irá exaltá-los. E no que consiste a exaltação? A mais ele¬vada glória da criatura é ser somente um vaso, para receber e desfrutar e mostrar publicamente a glória de Deus. Ela pode fazer isso somente quando está desejando nada ser em si mesmo para que Deus seja tudo. A água sempre preenche primeiro os lugares mais baixos. Quanto mais baixo, quanto mais vazio o homem fica diante de Deus, mais rápido e mais ple¬namente será o enchimento interior com a glória divi¬na. A exaltação que Deus promete não é, não pode ser, qualquer coisa externa à parte Dele mesmo; tudo o que Ele tem para dar ou pode dar é somente mais Dele mesmo para tomar posse de nós mais completa¬mente. A exaltação não é, como um prêmio terreno, algo arbitrário, sem a necessária conexão com a con-duta a ser recompensada. Não! Mas é, em sua própria natureza, o efeito e o resultado de humilhar-nos a nós mesmos. Não é nada a não ser o dom de tal hu¬mildade divina que habita interiormente, tal confor-midade e posse da humildade do Cordeiro de Deus, que nos prepara para receber plenamente o habitar interior de Deus.
Aquele que a si mesmo se humilhar será exalta¬do. O próprio Jesus é a prova da verdade dessas pala¬vras, e da certeza de seu cumprimento para nós, Ele é a garantia. Vamos tomar sobre nós Seu jugo e apren¬der Dele, pois Ele é manso e humilde de coração. Se não quisermos nos curvar a Ele, como Ele se curvou a nós, Ele ainda irá se curvar a cada um de nós nova¬mente, e nos acharemos em jugo não desigual com Ele. Como entramos profundamente na comunhão de Sua humilhação, e também nos humilhamos ou carre¬gamos a humilhação dos homens, podemos contar que o Espírito de Sua exaltação, "o Espírito de Deus e de glória", repousará sobre nós. A presença e o poder do Cristo glorificado virão para aqueles que são hu-mildes de espírito. Quando Deus pode novamente ter Seu devido lugar em nós, Ele irá nos exaltar.
Por isso, faça da glória de Deus seu cuidado em humilhar-se a si mesmo. Ele fará sua glória Seu cuida¬do em aperfeiçoar sua humildade e soprá-la para den¬tro de você, como sua vida habitante, o próprio Espí¬rito de Seu Filho. Como a vida todo-permeante de Deus domina você, não haverá nada tão espontâneo e nada tão doce como ser nada, com nenhum pensa¬mento ou desejo do ego, pois tudo é ocupado com Aquele que a tudo preenche. "De boa vontade me gloriarei em minha fraqueza, para que o poder de Cris¬to repouse sobre mim."
Irmãos, não temos aqui a razão pela qual nossa consagração e nossa fé são tão pouco úteis na busca pela santidade? Foi pelo ego e sua força que a obra foi feita sob o nome de fé; foi para o ego e sua alegria que Deus foi chamado; era, inconscientemente, mas ainda verdadeiramente, no ego e em sua santidade que a alma se regozijou. Antes, não tínhamos idéia de que a hu¬mildade — absoluta, habitante, humildade e auto-destruição semelhantes às de Cristo, permeando e mar¬cando toda nossa vida com Deus e o homem — era o mais essencial elemento da vitalidade da santidade que buscamos ver.
É apenas sob o domínio de Deus que perco meu ego. Como é na altura e na largura e glória da luz do sol que a insignificância da partícula de poeira se movi¬mentando é vista, assim também a humildade é tomar¬mos nosso lugar na presença de Deus para ser uma par¬tícula de pó habitando na luz do sol de Seu amor.
"Quão grande é Deus! Quão pequeno sou! Perdido, tragado na imensidão do Amor! Há somente Deus, não eu!".
Que Deus nos ensine a crer que ser humilde, ser nada em Sua presença, é o mais elevado feito e a bênção mais plena da vida cristã. Ele nos fala: "Habito no lugar santo e elevado, e com aquele que é de espí¬rito contrito e humilde". Que essa seja nossa porção!
"Oh, ser o mais vazio, o mais baixo, humilhado, não notado e desconhecido, e para Deus o mais santo vaso, cheio com Cristo, e somente Cristo!"

HUMILDADE E ALEGRIA



Leitura: "De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas (...) Porque quando sou fraco, então, é que sou forte" (2 Coríntios 12.9,10).

Com receio de que Paulo pudesse exaltar-se a si mesmo, por causa da excessiva grandiosidade das revelações, um espinho na carne foi envi¬ado para mantê-lo humilde. O primeiro desejo de Pau¬lo foi que o espinho fosse removido, e suplicou ao Senhor por três vezes que o espinho o deixasse. A resposta que veio foi que o sofrimento ou era uma bênção: que, na mansidão e humilhação que ele havia trazido, a graça e a força do Senhor poderiam ter sua melhor manifestação. Paulo, então, entrou em um novo estágio em sua relação com o sofrimento: em vez de simplesmente tolerá-lo, de boa vontade gloriava-se nele; em vez de pedir pela libertação, teria prazer nele. Pau¬lo havia aprendido que o lugar de humilhação é o lugar de bênção, de poder, de alegria.
Todo cristão possivelmente passa por esses dois estágios em sua busca de humildade. Primeiro, ele teme e foge e busca libertação de tudo o que possa humilhá-lo. Ele ainda não aprendeu a buscar humil-dade a qualquer custo. Ele aceitou a ordem para ser humilde, e busca obedecer, ainda que somente para descobrir quão completamente falha. Ele ora por hu¬mildade, às vezes muito seriamente; mas no seu cora¬ção, em secreto, ele ora mais — se não em palavras, em desejo — para ser livrado das coisas que irão fazê-lo humilde. Ele não está tão apaixonado pela humil¬dade como a beleza do Cordeiro de Deus e a alegria dos céus, a ponto de vender tudo para obtê-la. Em sua busca pela humildade, e em sua oração por isso, ainda há algo de um sentimento de fardo e de cativei¬ro; humilhar-se ainda não se tornou a expressão es¬pontânea de uma vida e natureza que são essencial¬mente humildes. Ainda não se tornou sua alegria e único prazer. Ele não pode dizer: "De boa vontade me gloriarei na fraqueza, tenho prazer no que quer que me humilhe".
Mas podemos esperar alcançar o estágio no qual isso ocorrerá? Sem dúvida alguma. E o que nos levará até lá? O que levou Paulo: uma nova revelação do Senhor Jesus. Nada a não ser a presença de Deus pode revelar e banir o ego. Uma percepção interior clara estava para ser dada a Paulo em relação à profunda verdade de que a presença de Jesus irá expulsar todo desejo de buscar qualquer coisa em nós mesmos, e nos fará de¬leitar em toda humilhação que nos prepara para Sua plena manifestação. Nossas humilhações nos levam, na experiência da presença e poder de Jesus, a escolher a humildade como nossa maior bênção. Vamos tentar aprender as lições que a história de Paulo nos ensina.
Podemos ter crentes espiritualmente avançados, mestres eminentes, homens de experiências celestiais, que ainda não aprenderam a lição da perfeita humil¬dade, alegremente se gloriando na fraqueza. Vemos isso em Paulo. O perigo de exaltar-se estava chegan-do muito perto. Ele ainda não sabia perfeitamente o que era ser nada, morrer, para que Cristo pudesse viver nele, e a ter prazer em tudo o que o trouxesse para baixo. É como se isto fosse a maior lição que ele tinha de aprender: plena conformidade ao seu Se¬nhor naquele auto-esvaziamento em que ele se glori¬ava na fraqueza a fim de que Deus pudesse ser tudo.
A mais alta lição que um crente tem de apren¬der é a humildade. Oh, que todo cristão que busca avançar na santidade lembre-se bem disso! Pode ha¬ver intensa consagração, zelo fervoroso e experiên¬cia celestial, e, ainda assim, se tais experiências não forem impedidas por procedimentos especiais do Se¬nhor, pode haver uma inconsciente auto-exaltação com isso tudo. Vamos aprender a lição: a mais alta santida¬de é a mais profunda humildade; e vamos lembrar que ela não vem de si mesma, mas somente quando é feita um assunto de tratamento especial da parte de nosso fiel Senhor e Seu servo fiel .
Vamos olhar para nossa vida à luz dessa experi¬ência, e ver se de boa vontade nos gloriamos na fra¬queza, se temos prazer, como Paulo tinha, em injúri¬as, em necessidades, em aflições. Sim, vamos per¬guntar se temos aprendido a considerar uma repro¬vação, justa ou injusta, uma repreensão de um amigo ou inimigo, uma injúria ou problema, ou dificuldade que outros nos trazem, como, acima de tudo, uma oportunidade de provar como Jesus é tudo para nós, como nosso próprio prazer e honra são nada e como a humilhação é, em verdade, no que temos prazer. Ser, de fato, abençoado, a profunda alegria dos céus, é estar tão livre do ego que o que for dito de nós ou feito a nós é perdido e tragado no pensamento de que Jesus é tudo. Vamos confiar Nele, que se encarregou de Pau¬lo, para que se encarregue de nós também. Paulo pre¬cisava de especial disciplina e, com isso, de especial instrução, para aprender o que era mais precioso até do que as coisas inexprimíveis que ele tinha ouvido nos céus, que é gloriar-se em fraqueza e humildade. Precisamos disso, também, oh, muito! Ele que cuidou de Paulo cuidará de nós também. Ele zela por nós com um cuidado ciumento e amoroso, "a fim de que não nos exaltemos". Quando fazemos isso, Ele busca desvendar o mal para nós e nos libertar dele. Em sofrimento e fraqueza e problemas, Ele busca nos trazer para baixo, até que aprendamos que Sua graça é tudo, assim como para ter prazer nas próprias coisas que nos trazem para baixo e nos mantêm em baixo. Seu poder se aperfeiçoa em nossa fraqueza e Sua pre¬sença, enchendo e satisfazendo nosso vazio, se torna o segredo de uma humildade que não deve falhar nun¬ca, que pode, como Paulo fez, em plena visão do que Deus trabalha em nós e por nosso intermédio, sem¬pre dizer: "Em nada fui inferior a esses tais apóstolos, ainda que nada sou" (2 Co 12.11). Suas humilhações o levaram à verdadeira humildade, com o maravilhoso deleite e glória e prazer em tudo o que humilha.
"De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fra¬quezas, para que sobre mim repouse o poder de Cris¬to. Pelo que sinto poder nas fraquezas." O homem humilde aprendeu o segredo da alegria permanente. Quanto mais fraco se sente, quanto mais baixo se afun¬da, quanto maiores parecem suas humilhações, mais o poder e a presença de Cristo são sua porção — até, a ele, que nada é, a palavra de seu Senhor trazer conti¬nuamente profunda alegria: "A minha graça te basta".
Sinto como se tivesse, uma vez mais, de reunir tudo nas duas lições: o perigo do orgulho é maior e está mais próximo do que pensamos, e a graça para humildade também.
O perigo do orgulho é maior e está mais perto do que pensamos, e isso especialmente no tempo de nossas mais elevadas experiências. O pregador de verdades espirituais com uma admirável congregação ouvindo-o atentamente, o orador dotado em uma plataforma de santidade expondo os segredos da vida celestial, o cristão dando testemunho de uma experiência aben¬çoada, o evangelista andando como em triunfo , e tra¬zendo uma bênção para alegrar as multidões — ne¬nhum homem conhece o oculto, o inconsciente peri¬go ao qual estes estão expostos. Paulo estava em peri¬go sem conhecer isso; o que Jesus fez por ele foi escrito para nossa admoestação, para que conheçamos o perigo para nós e conheçamos nossa única salvação.
Se já foi dito de um mestre ou um professor de santi¬dade: "Ele é tão cheio do ego", ou: "Ele não pratica o que prega", ou: "Sua bênção não fez dele alguém mais humilde ou bondoso", que isso não mais seja dito. Jesus, em quem confiamos, pode fazer-nos humildes.
Sim, também a graça para a humildade é maior e está mais perto do que pensamos. A humildade de Jesus é nos¬sa salvação: o próprio Jesus é nossa humildade. Nos¬sa humildade é Seu cuidado e Sua obra. Sua graça é suficiente para nós, para opor-se à tentação do orgu¬lho também. Seu poder será aperfeiçoado em nossa fraqueza. Vamos escolher ser fracos, ser humildes, ser nada. Permitamos que a humildade seja nossa ale¬gria e deleite. Vamos, de boa vontade, nos gloriar e ter prazer em fraquezas, em tudo o que possa nos humilhar e nos manter quebrantados — o poder de Cristo descansará sobre nós. Cristo se humilhou e, por isso, Deus O exaltou. Cristo nos humilhará e nos manterá humildes; vamos consentir de coração, va¬mos aceitar confiadamente e alegremente tudo o que humilhe — o poder de Cristo descansará sobre nós.
Vamos descobrir que a mais profunda humildade é o segredo da mais confiável alegria, de uma alegria que nada pode destruir.
É uma fé defeituosa aquela que obstrui os pés e causa muitas quedas.' Acho que esta última frase está bem de acordo com o que eu penso. Quero viver para deixar meu amado Salvador operar em mim a Sua vontade, a minha santificação pela Sua gra¬ça. 'Habitar Nele', não lutar e debater-me, erguer a Ele os olhos; confiar Nele para ter poder no pre-sente (...) descansar no amor do Salvador onipotente, no gozo de uma salvação completa 'de todo pecado' - isto não é novo, mas é novo para mim. Sinto como se o raiar de um glorioso dia viesse sobre mim. Saúdo-o com tremor, embora com confiança. Pareço ter chegado até a margem so¬mente; porém, é a beira de um mar sem limites; só provei uma gota, mas de algo que satisfaz completamente. Cristo é literalmente tudo para mim, agora, o poder, o único poder para o serviço, o único fundamento para a alegria inalterável.
Então, como fazer para que a fé cresça? É só pensar em tudo o que Jesus é e em tudo o que Ele é para nós: Sua vida, Sua morte, Sua obra, Sua pessoa revelada a nós na Palavra — para ser assunto constante de nossa meditação. Não uma luta para consseguir a fé, e sim, a contemplação Daquele que é fiel — parece ser esta a única coisa que nos é necessária: descansar inteiramente no Bem-Amado, no tempo e na eternidade.
(Hudson Taylor)

segunda-feira, 13 de julho de 2009

HUMILDADE E MORTE AO EGO



Leitura: "A Si mesmo se humilhou, tornando-se obedien¬te até a morte" (Filipenses 2.8).

A humildade é o caminho para a morte, pois na morte ela dá a maior prova de sua perfei¬ção. A humildade é o florescimento do qual a morte ao ego é o perfeito fruto. Jesus se humilhou até a morte, e abriu o caminho no qual devemos andar também. Assim como lá não havia maneira de Ele provar Sua entrega absoluta a Deus ou de de¬sistir e sair da natureza humana para a glória do Pai a não ser pela morte, assim também é conosco. A hu¬mildade tem de nos levar a morrer para o ego; então, provamos quão completamente desistimos de nós mesmos para ele e para Deus: somente, então, so¬mos libertados da natureza caída e encontramos o caminho que leva para a vida em Deus, para o pleno nascimento da nova natureza, da qual a humildade é o fôlego e a alegria.
Temos falado do que Jesus fez por Seus discí¬pulos quando transmitiu Sua vida de ressurreição para eles, quando, na descida do Espírito Santo, Ele, o glorificado e entronizado Manso, veio dos céus para habitar neles. Ele ganhou o poder para fazer isso por meio da morte: a vida que Ele partilhou, em seu caráter mais intrínseco, foi uma vida que saiu da mor¬te, uma vida que foi entregue à morte e foi ganha pela morte. Ele, que veio habitar nos discípulos era, Ele mesmo, Alguém que havia sido morto e agora vivia para sempre. Sua vida, Sua pessoa, Sua presen¬ça carregam as marcas de morte, de ser uma vida nascida da morte. Aquela vida em Seus discípulos também carrega sempre as marcas da morte; é so¬mente como o Espírito da morte, do Morto, ao habi¬tar e trabalhar na alma, que o poder de Sua vida pode ser conhecido. A primeira e principal das mar¬cas do morrer do Senhor Jesus, das marcas da morte que indicam o verdadeiro seguidor de Jesus, é a hu¬mildade, por estas duas razões: somente a humilda¬de leva à perfeita morte e somente a morte aperfei¬çoa a humildade. A humildade e a morte são, em essência, uma só: a humildade é o embrião, e, na morte, o fruto é amadurecido até a perfeição.
A Humildade Leva à Perfeita Morte
Humildade significa o desistir do ego e o tomar o lugar do perfeito nada-ser diante de Deus. Jesus se humilhou e tornou-se obediente até a morte. Na morte, Ele deu a maior e a mais perfeita prova de ter desisti¬do de Sua vontade em prol da vontade de Deus. Na morte, Ele desistiu de Si mesmo, com a natural relu¬tância do ego em beber do cálice; Ele desistiu da vida que tinha em união com nossa natureza humana; Ele morreu para o ego e para o pecado que O tentava; então, como homem, Ele entrou na perfeita vida de Deus. Se não fosse pela Sua infinita humildade, con¬siderando a Si mesmo como nada, a não ser como um servo para fazer e sofrer a vontade de Deus, Ele nunca teria morrido.
Isso nos dá a resposta para a questão tão fre¬quentemente feita, e da qual o significado é muito raramente apreendido de forma clara: "Como posso morrer para o ego?" A morte para o ego não é nossa obra, é obra de Deus. Em Cristo você está morto para o pecado; a vida que estava em você se foi pelo processo de morte e ressurreição; você pode estar certo de que está, de fato, morto para o pecado.
Mas a plena manifestação do poder dessa morte em sua disposição e conduta depende da medida que o Espírito Santo partilha do poder da morte de Cristo. E é aqui que o ensinamento é necessário: se você entrasse em plena comunhão com Cristo em Sua morte e conhecesse a plena libertação do ego, hu¬milharia a si mesmo. Essa é sua única obrigação. Colo-que-se diante de Deus em completo abandono; con¬sinta de coração com o fato de sua impotência para matar a você mesmo e de fazer você mesmo viver; mergulhe em seu próprio nada-ser, no espírito de mansidão e paciência e confiável entrega a Deus. Aceite cada humilhação, olhe para cada homem que tenta ou irrita você como um meio de graça para humilhar você. Use toda oportunidade de humilhar-se diante dos homens como uma ajuda para perma¬necer diante de Deus. Deus aceitará tal humilhação como a prova de que você deseja isso de todo cora¬ção, como a melhor oração por isso, como sua pre¬paração para o poderoso trabalho da graça Dele, quando, pela poderosa força de Seu Santo Espírito, Ele revela Cristo plenamente em você, para, então, Ele, em Sua forma de um servo, ser verdadeira¬mente formado em você e habitar em seu coração. Esse é o caminho de humildade que leva à perfeita morte, à plena e perfeita experiência de que estamos mortos em Cristo. Oh, tomemos cuidado com o erro que muitos cometem: eles gostariam de ser humildes, mas estão temerosos de ser muito humildes. Eles têm tantas qualificações e limitações, tantos arrazoamentos e questionamentos do que a verdadeira humildade é e faz, que nunca se submetem sinceramente a ela. Cui¬dado com isso! Humilhe-se até a morte. É na morte ao ego que a humildade de Cristo é aperfeiçoada. Este¬ja absolutamente certo de que na raiz de toda expe¬riência real de mais graça, de todo verdadeiro pro¬gresso na consagração, de toda conformação real¬mente crescente à semelhança de Jesus, tem de ha¬ver uma mortificação para o ego a qual prova, a Deus e aos homens, que é genuína, em nossa disposição e hábitos. É lamentavelmente possível falar de mor¬te-vida e do andar no Espírito enquanto até o mais ingênuo não pode fazer nada a não ser ver o quanto há de ego. A morte ao ego não tem marca mais certa de morte do que uma humildade que faz de si mes¬mo alguém sem reputação, que se esvazia e toma a forma de servo. É possível falar muito e honesta¬mente de comunhão com um Jesus desprezado e rejeitado e de carregar Sua cruz, enquanto a mansa e humilde, a meiga e gentil humildade do Cordeiro de Deus não são vistas, são muito raramente vistas. O Cordeiro de Deus significa duas coisas: mansidão e morte. Vamos buscar recebê-Lo em ambas as formas. Nele, essas marcas são inseparáveis: elas têm de estar em nós também.
Que tarefa sem esperança se nós tivéssemos de fazer o trabalho! Natureza nunca pode vencer natu¬reza, nem mesmo com a ajuda da graça. Ego nunca pode expulsar ego, nem mesmo no homem regenera-do. Louvado seja Deus! O trabalho foi feito, concluí¬do e aperfeiçoado para sempre! A morte de Jesus, de uma vez por todas, é a nossa morte para o ego. E a ascensão de Jesus, Sua entrada de uma vez por todas no Santo dos Santos, nos deu o Espírito Santo para nos transmitir em poder e fazer nosso o poder da morte-vida. Como a alma, na busca e prática da hu¬mildade, segue os passos de Jesus, sua consciência da necessidade de algo mais é despertada, seu desejo e esperança é apressado, sua fé é fortalecida, e ela apren¬de a olhar para o alto e clamar e receber aquela ver¬dadeira plenitude do Espírito de Jesus que pode, dia¬riamente, manter a morte ao ego e pecado sob o seu pleno poder, e fazer da humildade o espírito todo-permeante de nossa vida.
"Porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte} (...) Considerai-vos mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. (...) Oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos" (Rm 6.3,11,13). A com-pleta autoconscientização do cristão é ser saturado e caracterizado pelo espírito que avivou a morte de Cris¬to. Ele tem sempre de oferecer-se a Deus como al¬guém que morreu em Cristo e em Cristo está vivo vindo da morte, levando em seu corpo o morrer do Senhor Jesus. Sua vida sempre leva as duas marcas entrelaçadas: suas raízes alcançando , na verdadeira humildade profunda dentro da sepultura de Jesus, a morte ao pecado e ao ego, e sua cabeça elevada, em poder de ressurreição, aos céus onde Jesus está.
Crente, clame em fé a morte e a vida de Jesus como suas. Entre na sepultura de Cristo no descan¬so do ego e da obra do ego — o descanso de Deus. Com Cristo, que confiou Seu espírito nas mãos do Pai, humilhe-se e desça cada dia até a perfeita e sem esperança dependência de Deus. Deus irá ressuscitá-lo e exaltá-lo. Mergulhe cada manhã em profundo, profundo nada-ser dentro da sepultura de Jesus; cada dia a vida de Jesus será manifestada em você. Permi¬ta que uma disposta, amável, tranquila, alegre hu¬mildade seja a marca que você tenha, de fato, reivin¬dicado como seu direito de nascimento: o batismo para dentro da morte de Cristo. "Com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sen¬do santificados" (Hb 10.14). As almas que entram em Sua humilhação acharão Nele o poder para ver e considerar o ego morto, e, como aqueles que apren¬deram e receberam Dele, para andar com toda hu¬mildade e mansidão, suportando uns aos outros em amor. A morte-vida é vista em uma mansidão e hu¬mildade como a de Cristo.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

HUMILDADE E FÉ



Leitura: "Como podes crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus?" (João 5.44).

Em uma pregação que ouvi recentemente, o palestrante disse que as bênçãos da vida cris¬tã mais elevada eram frequentemente como os objetos expostos em uma vitrina de loja: você po¬deria vê-los claramente, mas não poderia alcançá-los. Se fosse dito a um homem para estender a mão e pegar, ele responderia: "Não posso; há uma grossa vidraça espelhada entre mim e eles."
Mesmo os cristãos podem ver claramente as aben¬çoadas promessas de paz perfeita e repouso, de amor e alegria transbordantes, de permanente comunhão e frutificação, e ainda sentir que há algo no meio obstru¬indo a verdadeira posse. E o que seria isso? Nada a não ser o orgulho. As promessas feitas à fé são tão livres e certas, os convites e encorajamentos tão fortes, o ma¬ravilhoso poder de Deus com que a fé pode contar está tão perto e acessível que o que impede que a bênção seja nossa só pode ser algo que impede a fé.
No texto bíblico mencionado, Jesus revela para nós que é, de fato, o orgulho que faz a fé impossível. "Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros?" Quando virmos como, em natureza, o orgu¬lho e a fé são irreconciliáveis por sua divergência, aprenderemos que a fé e a humildade são um na raiz, e que nunca podemos ter mais de verdadeira fé do que temos de verdadeira humildade; devemos ver que podemos, na verdade, ter uma forte convicção inte¬lectual e segurança da verdade enquanto o orgulho é mantido no coração, mas que isso faz da fé viva, que tem o poder de Deus, uma impossibilidade.
Precisamos somente pensar por um momento no que é a fé. Não é a confissão do nada-ser e de abandono, não é a entrega e a espera para deixar Deus trabalhar? Não é em si mesma a coisa mais humilhan-te que pode haver: a aceitação de nossa posição como dependentes, que não podem clamar ou conseguir ou fazer nada a não ser o que a graça concede? A humildade é simplesmente a disposição que prepara a alma para viver em confiança. E tudo, até mesmo o mais secreto sopro de orgulho, na forma de busca de si mesmo, vontade própria, confiança em si mesmo ou auto-exaltação, é apenas o fortalecimento do fato de que o ego não pode entrar no reino nem possuir as coisas do reino, pois se recusa a permitir que Deus seja o que Ele é e tem de ser ali: Tudo em todos.
Fé é o órgão ou sentido para percepção e apreen¬são do mundo celestial e de suas bênçãos. A fé busca a glória que vem de Deus, que vem apenas de onde Deus é tudo. Enquanto aceitarmos glória uns dos outros, en¬quanto buscarmos e amarmos sempre e guardarmos zelosamente a glória dessa vida - a honra e reputação que vêm dos homens — não buscamos, e não podemos receber, a glória que vem de Deus. O orgulho faz com que a fé seja impossível. A salvação vem por meio de uma cruz e de um Cristo crucificado. A salvação é a comunhão, no Espírito de Sua cruz, com o Cristo cru¬cificado. A salvação é a união com a humildade de Jesus e o deleite nela, salvação é a participação na hu¬mildade de Jesus. E admirável que nossa fé seja tão débil quando o orgulho ainda reina tanto e ainda não tenhamos aprendido que a humildade é a mais necessá¬ria e abençoada parte da salvação, nem oramos por isso?
A humildade e a fé estão mais intimamente associadas nas Escrituras do que muitos sabem. Veja isso na vida de Cristo. Há dois casos nos quais Ele falou de uma grande fé. O centurião, de cuja fé Ele se maravilhou dizendo: "Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta", não Lhe falou: "Senhor, não sou digno de que entres em minha casa"? E a mãe para quem Ele disse: "Oh, mulher, grande é a tua fé!" não aceitou ser chamada de cachorro e disse: "Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas"? Isso é a humildade que leva uma alma a ser nada diante de Deus, que também remove todo impedimento à fé, e faz com que o único temor seja desonrá-Lo por não confiar Nele integralmente.
Irmão, não temos aqui a causa do fracasso na busca da santidade? Não é isso que faz nossa consa¬gração e nossa fé tão superficiais e de vida tão curta? Não tínhamos idéia de que orgulho e ego extensos ainda estavam trabalhando secretamente dentro de nós, e como somente Deus, por Sua entrada e Seu maravilhoso poder, poderia expulsá-los. Não enten¬díamos como nada, a não ser a nova e divina natureza tomando inteiramente o lugar do velho ego, poderia fazer-nos realmente humildes. Não sabíamos que a humildade absoluta, incessante, universal tem de ser a raiz-disposição de toda oração e todo acesso a Deus assim como de todo tratamento com o homem, e que podemos ver sem olhos ou viver sem respirar tanto como crer ou aproximar-nos de Deus ou habitar em Seu amor, sem uma humildade todo-permeante e hu¬mildade de coração.
Irmão, não cometemos um erro ao encontrar tantos problemas para crer, enquanto todo o tempo havia o velho ego em seu orgulho buscando possuir para si mesmo as bênçãos e riquezas de Deus? Não admira que não pudéssemos crer! Vamos mudar nos¬so comportamento. Vamos buscar, antes de tudo, hu-milhar-nos sob a poderosa mão de Deus: Ele nos exaltará. A cruz, a morte e a tumba, nas quais Jesus se humilhou, eram Seu caminho para a glória de Deus. E são nosso caminho também. Vamos desejar unica¬mente e orar fervorosamente por sermos humilha¬dos com Ele e como Ele; vamos aceitar alegremen¬te o que quer que possa nos humilhar diante de Deus e dos homens — esse é o único caminho para a glória de Deus.
Talvez alguém se sinta inclinado a fazer uma pergunta. Falei de alguns que tiveram experiências abençoadas ou que são os instrumentos para levar bênção aos outros e, ainda assim, são carentes de hu¬mildade. Alguém pode perguntar se isso não prova que eles têm fé verdadeira, e até forte, apesar de mos¬trarem tão claramente que ainda buscam muito a hon¬ra que vem dos homens. Há mais de uma resposta que pode ser dada. Mas a principal resposta em nosso presente contexto é esta: eles, de fato, têm uma medi¬da de fé, na proporção da qual, com os dons especiais dados a eles, é a bênção que eles trazem para outros. Mas apesar da benção que trazem, a eficácia da fé deles é impedida por causa da ausência de humildade. A bênção é frequentemente superficial ou transitória, apenas porque eles não são o nada que abre o cami¬nho para Deus ser tudo. Uma profunda humildade traz, sem dúvida, uma mais profunda e plena bênção. O Espírito Santo, não apenas trabalhando neles como um Espírito de poder, mas habitando neles na pleni¬tude de Sua graça, especialmente a graça da humilda¬de, iria, através deles, transmitir a Si mesmo a esses convertidos para uma vida de poder e santidade e firmeza, o que é muito pouco visto atualmente.
"Como podeis vós crer, recebendo glória uns dos outros?"
Irmão! Nada pode curar você do desejo de receber glória dos homens, ou da sensibilidade e dor e raiva que vêm quando ela não é dada, a não ser dar a si mesmo para buscar somente a glória que vem de Deus. Deixe que a glória do Deus Todo-Glorioso seja tudo para você. Você será libertado da glória dos homens e do ego, e estará contente e alegre em ser nada. Nesse nada, você crescerá forte na fé, dando glória a Deus, e irá descobrir que quanto mais profundamen¬te mergulhar em humildade diante de Deus, mais per¬to Ele está para satisfazer todo desejo de sua fé.