sexta-feira, 3 de julho de 2009

HUMILDADE E FÉ



Leitura: "Como podes crer, recebendo honra uns dos outros, e não buscando a honra que vem só de Deus?" (João 5.44).

Em uma pregação que ouvi recentemente, o palestrante disse que as bênçãos da vida cris¬tã mais elevada eram frequentemente como os objetos expostos em uma vitrina de loja: você po¬deria vê-los claramente, mas não poderia alcançá-los. Se fosse dito a um homem para estender a mão e pegar, ele responderia: "Não posso; há uma grossa vidraça espelhada entre mim e eles."
Mesmo os cristãos podem ver claramente as aben¬çoadas promessas de paz perfeita e repouso, de amor e alegria transbordantes, de permanente comunhão e frutificação, e ainda sentir que há algo no meio obstru¬indo a verdadeira posse. E o que seria isso? Nada a não ser o orgulho. As promessas feitas à fé são tão livres e certas, os convites e encorajamentos tão fortes, o ma¬ravilhoso poder de Deus com que a fé pode contar está tão perto e acessível que o que impede que a bênção seja nossa só pode ser algo que impede a fé.
No texto bíblico mencionado, Jesus revela para nós que é, de fato, o orgulho que faz a fé impossível. "Como podeis crer, vós os que aceitais glória uns dos outros?" Quando virmos como, em natureza, o orgu¬lho e a fé são irreconciliáveis por sua divergência, aprenderemos que a fé e a humildade são um na raiz, e que nunca podemos ter mais de verdadeira fé do que temos de verdadeira humildade; devemos ver que podemos, na verdade, ter uma forte convicção inte¬lectual e segurança da verdade enquanto o orgulho é mantido no coração, mas que isso faz da fé viva, que tem o poder de Deus, uma impossibilidade.
Precisamos somente pensar por um momento no que é a fé. Não é a confissão do nada-ser e de abandono, não é a entrega e a espera para deixar Deus trabalhar? Não é em si mesma a coisa mais humilhan-te que pode haver: a aceitação de nossa posição como dependentes, que não podem clamar ou conseguir ou fazer nada a não ser o que a graça concede? A humildade é simplesmente a disposição que prepara a alma para viver em confiança. E tudo, até mesmo o mais secreto sopro de orgulho, na forma de busca de si mesmo, vontade própria, confiança em si mesmo ou auto-exaltação, é apenas o fortalecimento do fato de que o ego não pode entrar no reino nem possuir as coisas do reino, pois se recusa a permitir que Deus seja o que Ele é e tem de ser ali: Tudo em todos.
Fé é o órgão ou sentido para percepção e apreen¬são do mundo celestial e de suas bênçãos. A fé busca a glória que vem de Deus, que vem apenas de onde Deus é tudo. Enquanto aceitarmos glória uns dos outros, en¬quanto buscarmos e amarmos sempre e guardarmos zelosamente a glória dessa vida - a honra e reputação que vêm dos homens — não buscamos, e não podemos receber, a glória que vem de Deus. O orgulho faz com que a fé seja impossível. A salvação vem por meio de uma cruz e de um Cristo crucificado. A salvação é a comunhão, no Espírito de Sua cruz, com o Cristo cru¬cificado. A salvação é a união com a humildade de Jesus e o deleite nela, salvação é a participação na hu¬mildade de Jesus. E admirável que nossa fé seja tão débil quando o orgulho ainda reina tanto e ainda não tenhamos aprendido que a humildade é a mais necessá¬ria e abençoada parte da salvação, nem oramos por isso?
A humildade e a fé estão mais intimamente associadas nas Escrituras do que muitos sabem. Veja isso na vida de Cristo. Há dois casos nos quais Ele falou de uma grande fé. O centurião, de cuja fé Ele se maravilhou dizendo: "Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta", não Lhe falou: "Senhor, não sou digno de que entres em minha casa"? E a mãe para quem Ele disse: "Oh, mulher, grande é a tua fé!" não aceitou ser chamada de cachorro e disse: "Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas"? Isso é a humildade que leva uma alma a ser nada diante de Deus, que também remove todo impedimento à fé, e faz com que o único temor seja desonrá-Lo por não confiar Nele integralmente.
Irmão, não temos aqui a causa do fracasso na busca da santidade? Não é isso que faz nossa consa¬gração e nossa fé tão superficiais e de vida tão curta? Não tínhamos idéia de que orgulho e ego extensos ainda estavam trabalhando secretamente dentro de nós, e como somente Deus, por Sua entrada e Seu maravilhoso poder, poderia expulsá-los. Não enten¬díamos como nada, a não ser a nova e divina natureza tomando inteiramente o lugar do velho ego, poderia fazer-nos realmente humildes. Não sabíamos que a humildade absoluta, incessante, universal tem de ser a raiz-disposição de toda oração e todo acesso a Deus assim como de todo tratamento com o homem, e que podemos ver sem olhos ou viver sem respirar tanto como crer ou aproximar-nos de Deus ou habitar em Seu amor, sem uma humildade todo-permeante e hu¬mildade de coração.
Irmão, não cometemos um erro ao encontrar tantos problemas para crer, enquanto todo o tempo havia o velho ego em seu orgulho buscando possuir para si mesmo as bênçãos e riquezas de Deus? Não admira que não pudéssemos crer! Vamos mudar nos¬so comportamento. Vamos buscar, antes de tudo, hu-milhar-nos sob a poderosa mão de Deus: Ele nos exaltará. A cruz, a morte e a tumba, nas quais Jesus se humilhou, eram Seu caminho para a glória de Deus. E são nosso caminho também. Vamos desejar unica¬mente e orar fervorosamente por sermos humilha¬dos com Ele e como Ele; vamos aceitar alegremen¬te o que quer que possa nos humilhar diante de Deus e dos homens — esse é o único caminho para a glória de Deus.
Talvez alguém se sinta inclinado a fazer uma pergunta. Falei de alguns que tiveram experiências abençoadas ou que são os instrumentos para levar bênção aos outros e, ainda assim, são carentes de hu¬mildade. Alguém pode perguntar se isso não prova que eles têm fé verdadeira, e até forte, apesar de mos¬trarem tão claramente que ainda buscam muito a hon¬ra que vem dos homens. Há mais de uma resposta que pode ser dada. Mas a principal resposta em nosso presente contexto é esta: eles, de fato, têm uma medi¬da de fé, na proporção da qual, com os dons especiais dados a eles, é a bênção que eles trazem para outros. Mas apesar da benção que trazem, a eficácia da fé deles é impedida por causa da ausência de humildade. A bênção é frequentemente superficial ou transitória, apenas porque eles não são o nada que abre o cami¬nho para Deus ser tudo. Uma profunda humildade traz, sem dúvida, uma mais profunda e plena bênção. O Espírito Santo, não apenas trabalhando neles como um Espírito de poder, mas habitando neles na pleni¬tude de Sua graça, especialmente a graça da humilda¬de, iria, através deles, transmitir a Si mesmo a esses convertidos para uma vida de poder e santidade e firmeza, o que é muito pouco visto atualmente.
"Como podeis vós crer, recebendo glória uns dos outros?"
Irmão! Nada pode curar você do desejo de receber glória dos homens, ou da sensibilidade e dor e raiva que vêm quando ela não é dada, a não ser dar a si mesmo para buscar somente a glória que vem de Deus. Deixe que a glória do Deus Todo-Glorioso seja tudo para você. Você será libertado da glória dos homens e do ego, e estará contente e alegre em ser nada. Nesse nada, você crescerá forte na fé, dando glória a Deus, e irá descobrir que quanto mais profundamen¬te mergulhar em humildade diante de Deus, mais per¬to Ele está para satisfazer todo desejo de sua fé.

2 comentários:

  1. Gostei de seu blog amada
    Passa lá no meu também pra conferir
    Deus abençõe sua
    Um fim de semana abençoado
    Abraçoss

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  2. Ola Rayra!


    Queria convidar você para conhecer o meu blog, o Genizah que horas é pirado e engraçado, horas é exaltado e sério, mas é super do bem e tem como regra levar o Evangelho da Liberdade Verdadeira e a Santa Subversão de Jesus ao mundo egocêntrico e perdido nos seus valores! E, ainda dando tempo, aproveito para tirar uma onda com este pessoal que anda explorando a fé das pessoas e ainda dizendo que são cristãos... Ops!

    Por minha vez, já me tornei seu seguidor.

    Abraços em Cristo e Paz!

    Danilo

    http://genizah-virtual.blogspot.com/

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